Publicação faz balanço sobre produção e consumo do setor hortifruti na pandemia

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP analisaram a cadeia produtiva, as oportunidades e também as estratégias de negócio para manter ativas as vendas desses alimentos

 29/04/2021 - Publicado há 3 anos
Pandemia trouxe mudanças no consumo de hortifruti – Foto: Anna Shvets / Pexels

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Professores e pesquisadores da USP com conhecimentos em agronomia, economia, administração e contabilidade acompanham desde o início da pandemia de covid-19 os impactos sobre uma das áreas mais importantes na economia do País e no cotidiano de consumo da população: o setor de frutas e hortaliças (hortifruti). O balanço deste trabalho pode ser conferido na publicação do mês de abril da revista Hortifruti Brasil, disponível gratuitamente na internet neste link.

No trabalho, realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, os especialistas analisaram a cadeia produtiva, as oportunidades e também as estratégias de negócio para manter ativas as vendas desses alimentos. “Do lado produtivo, muitos agricultores e comerciantes precisaram se adaptar às novas formas de negociação – ou até mesmo criá-las – e reorganizar as atividades em diferentes etapas, no intuito de atender às normas sanitárias vigentes”, destacam os editores na publicação.

Eles ainda ressaltam que varejos locais e de menor porte entraram em evidência, já que a população passou a dar mais importância a locais que trazem sensação de mais segurança, devido ao menor fluxo de pessoas.

Com relação ao consumo, o grupo percebeu dois movimentos. Primeiro, houve uma mudança de hábito e de comportamento da população já que a preocupação com a saúde levou as pessoas a aumentarem o consumo de hortifrutis. Além disso, com o distanciamento social, muitos passaram a preparar mais alimentos em casa e a comprá-los em novos estabelecimentos comerciais, ou mesmo pela internet.

Por outro lado, as restrições à mobilidade das pessoas causaram diminuição da demanda em locais como restaurantes, escolas, hotéis e feiras. Com isso, as cadeias de comercialização que possuem grande número de intermediários entre o produtor e o consumidor acabaram sendo prejudicadas pelas restrições. O prolongamento da pandemia trouxe outro ponto negativo para o setor. Cansado, o consumidor tende a buscar alimentos mais prazerosos, mais fáceis de fazer e com maior durabilidade, os ultraprocessados, em detrimento das frutas e hortaliças.

Com esse contexto, os pesquisadores ainda observam uma perspectiva de maior limitação de consumo, pois a situação econômica ruim aumenta a taxa de desemprego e faz cair ainda mais a renda da população.
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Mudanças no consumo de hortifruti durante a pandemia – Foto: Reprodução / Revista Hortifruti

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Mas o balanço da Esalq aponta que, mesmo com pandemia, o balanço das exportações é positivo, com bom resultado relacionado à demanda internacional de maior preocupação com a saúde, à menor oferta em países concorrentes do Brasil e ao elevado patamar do dólar. As exportações totais somaram 946,53 mil toneladas, com receita de US$ 760,89 milhões, que significam altas de 5,1% e de 5% frente ao ano anterior (considerando-se as vendas de banana, maçã, mamão, melão, melancia, uva, manga, limas e limões).

A publicação termina apontando que a recuperação econômica do setor em 2021 vai depender da cobertura da vacinação e que o desafio agora é adaptar as vendas diante da queda do poder aquisitivo do brasileiro. “Ainda que um novo auxílio federal tenha sido liberado em abril, a taxa de desemprego está elevada e o poder aquisitivo da população, bastante fragilizado. Nesse contexto, o setor de hortifruti precisa fortalecer as inovações de negócios já impostas ao longo do ano passado e seguir se adaptando a possíveis novas alterações em 2021, visando a manter ativas as vendas de alimentos”, concluem.

Pesquisa de qualidade

Edição de abril da revista Hortifruti Brasil, da Esalq-USP [Clique na imagem para ler]
Além da análise do setor hortifruti, o Cepea, que é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq, realiza pesquisas sobre a dinâmica de cadeias produtivas de mais de 30 mercados agropecuários e também sobre o funcionamento integrado do agronegócio, o que abrange, por exemplo, questões de defesa sanitária, políticas comerciais externas e influência de novas tecnologias. O grupo também analisa o desempenho macroeconômico do setor e calcula periodicamente o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio (nacional e de Estados), o PIB de cadeias produtivas e, também, índices de exportação do setor.

Outras publicações do Cepea, além do site e da revista Hortifruti Brasil, analisam o agronegócio sob o impacto da pandemia do coronavírus. Confira as publicações de todos os setores neste link.

O grupo também mantém um site para divulgação das pesquisas, preços de comercialização, análises de mercado diárias e notícias do setor hortifruti. Há informações sobre 13 setores: batata, cebola, tomate, cenoura, folhosas, banana, citros, maçã, mamão, manga, melancia, melão e uva em dezenas de regiões, em diferentes níveis de mercado (ao produtor, beneficiador, atacado, indústria).

Saiba mais no endereço: www.hfbrasil.org.br/br


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