A maneira de aprender conteúdos avançados e a validade de se informar sobre absolutamente tudo para aumentar mais o conhecimento é o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “Cientistas sabem tudo? Cientistas precisam saber tudo? De acordo com a lei das manchetes jornalísticas de Betteridge, qualquer manchete que contenha uma pergunta pode ser respondida simplesmente com a palavra não”, comenta. “Cientistas certamente não sabem tudo nem devem se colocar esse tipo de exigência.”
“Muitas vezes, ao buscarmos formação em áreas científicas, achamos necessário aprender tudo aquilo que foi desenvolvido até o presente”, aponta o físico. “Como o crescimento do conhecimento técnico tornou-se exponencial, especialmente a partir do século 20, o tempo exigido para ‘saber tudo’ tende ao infinito, superando as mais otimistas expectativas de vida humana. Acho interessante distinguir também os ‘saberes’: há uma diferença entre informação e conhecimento.”
“Num de seus livros autobiográficos, o físico Richard Feynman conta sobre a influência que seu pai exerceu em sua educação. Eles passeavam juntos no bosque, o pai apontava um pássaro e dizia o nome da ave (que ele inventava) em várias línguas. Aí, perguntava ao filho o que ele tinha aprendido. A resposta é que ele aprendeu sobre seres humanos em diferentes locais e como eles nomeavam o pássaro. Em seguida, Feynman e seu pai observavam o pássaro para ver o que ele fazia”, relata Nussenzveig. “Isso, sim, permite aprender algo sobre o pássaro, sobre seus hábitos e os motivos para seu comportamento. É claro que o nome do pássaro permite identificá-lo e estabelecer a comunicação entre humanos que o estudam. Mas o conhecimento não está em memorizar o nome; mesmo sem saber o nome, é possível aprender muito sobre o pássaro.”
Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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