“Tomei coragem e fui visitar a exposição da fotógrafa chilena Paz Errázuriz, no Instituto Moreira Salles, e a mostra é realmente imperdível”, comenta Giselle Beiguelman em sua coluna Ouvir Imagens, na Rádio USP (clique e ouça o player acima). “Ela é uma fotógrafa que teve uma atuação marcante durante a ditadura de Pinochet, e tem seu foco centrado nos corpos marginalizados pela sociedade como os travestis e internos de hospitais psiquiátricos.”
A professora relata que estranhou a visita no contexto deste novo normal. “Só se pode visitar com hora marcada, usando máscaras, o espaço controlado é muito mais vazio. Não há lugar mais para aquele flanar adorável das exposições, com as pessoas lotando os cafés e livrarias. Mas é um ambiente muito seguro, atendendo a todos os protocolos, e isso é corretíssimo. Se, por um lado, quebra o jejum das artes, por outro, mostra que a pandemia ainda está entre nós e que precisamos seguir atentos e nos cuidando.”
Como os demais cinéfilos, Giselle Beiguelman está sentindo falta das salas escuras. “Difícil lidar com essa ausência, mas os festivais de cinema têm sido muito ágeis em oferecer conteúdo de qualidade pela internet.” Sugere a 44a Mostra Internacional de Cinema, em cartaz até o dia 4. “Indico o badalado filme de Ai Weiwei, Coronation, e o filme brasileiro inédito, do artista e cineasta César Meneghetti.”
Conhecido pelas suas instalações multimídia, Meneghetti apresenta na mostra Glauber, Claro. “É um documentário sobre os anos de exílio do cineasta na Itália, que revisita a Roma de Glauber Rocha por meio das memórias de amigos e colaboradores e apresenta os lugares de Roma que foram o pano de fundo de seu penúltimo longa-metragem, Claro.”
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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