USP e Sesc celebram Independência com o videoclipe “Paratodos”

Com participação de Chico Buarque, música é interpretada pelo Coral da USP e pela Orquestra Sinfônica da USP

 31/08/2020 - Publicado há 4 anos
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O Museu Paulista da USP – mais conhecido como Museu do Ipiranga -, localizado no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo – Imagem: Wikimedia

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Será assim, com a canção Paratodos que Chico Buarque de Holanda compôs para todos os brasileiros, que o Museu Paulista da USP – mais conhecido como Museu do Ipiranga – e o Sesc Ipiranga vão celebrar o dia da Independência do Brasil. Com interpretação do Coral da USP (Coralusp) e da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) e participação especial de Chico Buarque – que canta um trecho da canção -, o videoclipe Paratodos será lançado no dia 7 de setembro, às 14 horas, no site e no canal no Youtube do Jornal da USP, na plataforma Ecos do Ipiranga, do Museu Paulista, e nas mídias sociais do Sesc (youtube.com/sescspinstagram.com/sescsp). Na TV Sesc, a obra será transmitida a partir das 16 horas, em diferentes horários.

O cantor, compositor e arranjador Carlinhos Antunes – Foto: Franca Gerard Blot

“A música tem um arranjo inusitado de Gabriel Levy e Carlinhos Antunes, e conta com interpretações das cantoras Anastácia, Kaê Guajajara, Negra Li e Tainara Takua”, afirma o vice-diretor do Museu Paulista, professor Amâncio Jorge de Oliveira. “Chico Buarque, com a sua participação, faz uma homenagem ao pai Sérgio Buarque de Holanda, escritor, crítico literário, professor da USP e diretor do Museu do Ipiranga por dez anos, entre 1946 e 1956.”

Em tempos de tantas incertezas, a parceria entre o Sesc Ipiranga e o Museu Paulista se torna cada vez mais essencial.”

O dia 7 de Setembro é celebrado tradicionalmente pela USP no Parque da Independência, no Ipiranga, na zona sul paulistana, onde se localiza o museu. Neste ano, diante do confinamento provocado pela pandemia de covid 19, o Museu Paulista e o Sesc vão homenagear a Independência do Brasil com uma programação on-line. “A parceria entre a USP e o Sesc é frutífera em vários campos, como os da cultura, esporte e lazer. O Sesc Ipiranga e o Museu do Ipiranga vão na mesma linha, com impactos relevantes tanto do ponto de vista local, no bairro, como no sentido mais amplo, para toda a sociedade”, destaca o professor Oliveira. “O museu e o Sesc formam, no bairro do Ipiranga, um complexo cultural para os moradores e visitantes, que se potencializa quando operam em parceria. Um bom exemplo de atividade conjunta é o evento Museu em Festa, que ocorre presencialmente desde 2017 e reúne milhares de pessoas para celebrar a Independência do Brasil.”

O compositor, acordeonista e arranjador Gabriel Levy – Foto: Zé Naklem

Escrever uma história de solidariedade na busca de cultura, lazer, esporte e saúde é o desafio das duas instituições. “Em tempos de tantas incertezas, a parceria entre o Sesc Ipiranga e o Museu Paulista se torna cada vez mais essencial, porque reflete a soma de esforços de duas instituições que valorizam a cultura como um importante elemento existencial ao ser humano e que buscam, por meio de diferentes ações educativas, artísticas e socioculturais, proporcionar aos diversos públicos entretenimento alinhado à geração de conhecimento, à reflexão, ao debate e ao exercício do pensamento”, observa Antônio Martinelli, gerente do Sesc Ipiranga.

A parceria entre as duas instituições começou na gestão da professora Solange Ferraz Lima, diretora do Museu Paulista de 2016 a 2020 e atual presidente da Comissão de Cultura e Extensão do museu. “As ações desenvolvidas no campo artístico fomentadas por essa parceria seguem dando frutos, apesar dos desafios impostos pela pandemia. Este ano, a música trouxe a possibilidade de afirmar os sentidos que nos motivam a celebrar a data: é um museu plural”, diz ela.

Solange observa que a divulgação dos acervos e o conhecimento produzido a partir deles é uma meta do museu. “As plataformas digitais garantem hoje um alcance que era inimaginável há apenas alguns anos. A nossa experiência com a Wiki Glam tem demonstrado esse potencial. São milhares de visualizações, melhorias de verbetes sobre itens do acervo e difusão de teses, dissertações e artigos que figuram como referências.”

Tecnologia permite fazer passeios virtuais pelo jardim do Museu Paulista – Imagem: plataforma Ecos do Ipiranga

A apresentação do videoclipe Paratodos é um desafio, trazendo a história do País para a realidade atual, diz a professora. “Esse trabalho é uma belíssima apropriação de uma expressiva coleção de retratos de brasileiros que preservamos, a Coleção Militão Augusto de Azevedo. É fundamental garantir que essas ações, em ambientes presenciais ou digitais, sejam acessíveis”, afirma Solange.

A canção de Chico Buarque foi escolhida pelo que evoca, o reconhecimento de uma genealogia artística e a diversidade territorial.”

O videoclipe Paratodos tem direção da professora Maria Thais, do Museu do Ipiranga, e de Yghor Boy, cineasta e videoartista. “A pandemia trouxe inúmeras restrições. O registro sonoro e audiovisual foi feito a partir dos esforços de cada participante”, conta Yghor Boy. “Trabalhamos em condições que desconhecíamos, o que exigiu da equipe – arranjadores, músicos, orquestra, solistas, coral, diretores e editores – uma maleabilidade maior e o acolhimento dessas limitações.”

A composição é o recado do museu e do Sesc para a cidade. “A canção do Chico Buarque foi escolhida pelo que evoca, pelo reconhecimento de uma genealogia artística e pela diversidade territorial. Convocamos outras vozes, com ênfase nas vozes femininas, pouco presentes na letra, imagens e cantos indígenas e a coleção de fotografias de Militão Augusto de Azevedo, que revela a diversidade de mulheres, homens, jovens e crianças. São negros, pardos, brancos que habitavam a cidade de São Paulo no passado”, afirma a professora Maria Thais.

A artista indígena Tainara Takua- Foto: Giovanna Jaxuka

O videoclipe revela um museu para todas e para todos. “É uma homenagem às mulheres e aos homens que nos antecederam, aos nossos mestres criadores, que ‘riscaram’ os territórios de resistência – artística e cultural –, aos que fabricaram riquezas imateriais, simbólicas, sutis, e abriram espaço para que outras vozes ecoassem. Mas é também um confluir, sem se sobrepor, com os cantos daqueles que são os maiores cuidadores dessa terra, os povos originários,” acrescenta o cineasta.

“Cada um no seu canto. Foi assim que os ensaios transcorreram”, explica Marcia Hentschel, vice-diretora do Coralusp. “Tudo muito diferente dos ensaios presenciais. Celulares, tablets e notebooks ocuparam o espaço das salas e palcos. Mas não há distância que impeça o canto de ecoar.”

Marcia, como todos os cantores, está na expectativa de ver o resultado dessa experiência. “Esperamos um resultado final incrível, já que todos os envolvidos deram o melhor de si. A participação de artistas consagrados foi o arremate para o sucesso.”

Ao lembrar as tradicionais apresentações de 7 de Setembro no palco montado no Parque da Independência, Cláudio Micheletti fica emocionado. Violinista spalla da Orquestra Sinfônica da USP, ele destaca que esses concertos são os mais significativos da cidade, com um público de mais de 10 mil pessoas. “Neste ano, será realizado on-line, para a segurança de todos. Será emocionante de uma outra forma.”

A Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) – Foto: Divulgação

Michelletti diz que não ocorreram ensaios presenciais. “Todos os músicos gravaram suas respectivas partituras, primeiramente o som, gravação em áudio, após muito estudo e ensaios, em suas próprias casas, seguindo uma guia musical feita com um metrônomo, que produz um som que mantém o ritmo constante, para estarmos todos no mesmo ritmo. E depois gravamos o vídeo para ser colocado e mixado em nossas próprias gravações de áudio, por profissionais.”

Como os cantores do Coralusp, os músicos da Osusp também estão ansiosos para ver e ouvir o videoclipe. “Tenho certeza de que será muito gratificante assistir a esse concerto on-line”, diz Michelletti. “Mas já na expectativa para o próximo ano, quando estaremos todos juntos novamente, tocando, cantando, sentindo o carinho do público e da importância dessa data histórica, tão relevante para o País.”

O videoclipe Paratodos, produzido pelo Museu Paulista da USP em parceria com o Sesc Ipiranga, estará disponível no dia 7 de setembro, segunda-feira, a partir das 14 horas, no site e no canal no Youtube do Jornal da USP, na plataforma Ecos do Ipiranga, do Museu Paulista, e nas mídias sociais do Sesc (youtube.com/sescspinstagram.com/sescsp). A partir das 16 horas, ele será transmitido pela TV Sesc, em diferentes horários. Acesso gratuito.


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