Revelar homossexualidade pode acontecer mais de uma vez durante a vida

Pesquisa da USP Ribeirão Preto realizada com jovens de 18 a 27 anos mostrou que assumir-se gay pode ser um processo constante

 03/03/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 31/05/2022 as 23:03
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A cada nova situação, homossexuais se veem diante da escolha de revelar ou não sua sexualidade. Viver num dos países onde há uma alta taxa de homicídios da população LGBT – uma morte a cada 23 horas, segundo relatório divulgado em 2019 pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) – acaba dificultando ainda mais essa decisão.

Foi para falar dessa escolha que o aluno João Gabriel Ueked de Alvarenga, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, realizou a pesquisa Saindo do armário: Desafios enfrentados por jovens homossexuais ao assumirem sua orientação sexual.

No estudo, foram avaliadas experiências de oito jovens com idades entre 18 e 27 anos que, por meio de entrevistas, relataram ao pesquisador situações vividas ao revelar a orientação sexual para amigos, familiares e desconhecidos.

Segundo Ueked, os jovens enfrentaram rejeição de entes queridos, perda de apoio financeiro e, até mesmo, ameaças de agressão. Mas esse cenário não o surpreendeu, pois “a maior parte das agressões sofridas por LGBT’s acontecem dentro de casa”, afirma.

Riscos de agressão, rejeição e o medo de retaliação, como a perda de emprego, por exemplo, foram relacionados pelos entrevistados como motivo para tentar esconder a homossexualidade, mesmo após eventual exposição. “A esse fenômeno, os jovens deram o nome de gavetas do armário, um novo local dentro do armário onde eles guardam temporariamente sua sexualidade”, conta o pesquisador.

O estudo foi apresentado no final do ano passado como trabalho de conclusão de curso de graduação de Ueked, sob orientação do professor Manoel Antônio dos Santos, do Departamento de Psicologia da FFLCRP.

Ouça no player acima a entrevista na íntegra.


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