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Testes com as sementes de duas diferentes variedades de mamona permitiram produzir o adesivo sem uso de aditivos químicos, em um processo de baixo impacto ambiental – Foto: Acom/Esalq
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Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, produziu uma cola sustentável à base de óleo de mamona. O produto também pode ser utilizado para impermeabilização de madeiras de reflorestamento. Conhecido como poliuretano, o adesivo/impermeabilizante é resultado da busca por produtos de baixo impacto ambiental e processos industrialmente menos sofisticados. O estudo foi conduzido num laboratório piloto que foi, no início da pesquisa, equipado com um extrator idealizado no próprio laboratório e fabricado por uma empresa parceira. Com esse equipamento foi otimizado o processo de extração de óleo de qualquer lote de sementes de mamona.
O produto pode ser utilizado como adesivo na fabricação de vigas de Madeira Lamelada Colada (MLC) e também para atuar contra ação negativa da variação do teor de umidade da madeira, quando utilizado como impermeabilizante. “Adicionamos aditivos naturais para melhorar a resistência da cola, mas, mesmo sem os aditivos, os resultados foram satisfatórios”, falou a autora. Na função de impermeabilizar as madeiras, as amostras ficaram até 11 dias submersas em água para teste de absorção. A cola mostrou-se eficaz com apenas uma camada de aplicação para madeiras de menores densidades.
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Adesivos modificados e produzidos a partir de recursos renováveis não poluentes e biodegradáveis têm aberto novas perspectivas no desenvolvimento de alternativas em comparação aos adesivos utilizados tradicionalmente para a produção de MLC. Os poliuretanos de óleo da mamona possuem propriedades térmicas e mecânicas comparáveis ou até superiores às dos poliuretanos tradicionais. “Durante os testes, nós usamos três espécies de madeira, uma como referência e outras duas que ainda não são utilizadas no mercado de engenharia da madeira.”
Produção de baixo impacto ambiental
O estudo classificou morfologicamente as sementes selvagens e não selvagens de mamona, assim como verificou a influência do tempo de prensagem e o efeito de aditivos no próprio processo ou na resistência das juntas coladas. “Classificamos de acordo com o peso, tamanho, cor, rendimento em óleo, entre outros, de acordo com um boletim da Embrapa. Como não conhecíamos as variedades disponíveis para a pesquisa, criamos uma forma de suporte para especificar os tipos de sementes usadas na extração do óleo.”
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Aline observou que as sementes selvagens da região são menores que aquelas de outras variedades, que são plantadas, e também diferem das sementes de uma variedade comercial, que passou por melhoramento genético convencional, produzida pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), de variedades conhecidas, que são selecionadas e tratadas de maneira diferente. A produção foi realizada com sementes selvagens de mamona coletadas em Piracicaba e na própria Esalq. “Coletamos os cachos, colocamos em um deck projetado para secagem ao ar e deixamos em torno de 15 dias de exposição ao sol. Por volta desse tempo de secagem, os frutos explodem literalmente, mas o deck é adaptado para reter as sementes ejetadas.”
Os cachos coletados foram colocados em um deck projetado para secagem e extração das sementes – Foto: Onjacktallcuca via Wikimedia Commons
O objetivo de produzir o adesivo a partir de um processo simplificado, sem precisar comprar o óleo, foi alcançado. “Não se sabe como são produzidos os óleos de mamona comercial e isso leva a uma natural rejeição por desconfiança quanto ao uso de algum produto químico de extração/purificação e quanto a um possível impacto ambiental do processo de produção. No nosso caso, a única alteração que fizemos foi retirar a água da semente, porque já tínhamos verificado em alguns testes que o processo não dava certo, pois o adesivo criava uma espuma que não servia para a finalidade do produto. Nosso foco foi fazer todo o processo, da produção do óleo à produção do adesivo e chegar ao produto final direcionado para uso em estrutura de madeira”, conclui. O trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Por Letícia Santin (estagiária de jornalismo), com revisão de Caio Albuquerque