Método barateia diagnóstico de tumor cerebral em crianças e vira startup

Plataforma nacional otimiza técnicas de biologia molecular para baratear diagnóstico e dar qualidade de vida no tratamento de câncer de cérebro

 17/10/2019 - Publicado há 5 anos
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Tecnologia diagnóstica para tumores cerebrais em crianças a um baixo custo é a proposta de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto que acabam de transformar seus achados em uma startup. Batizada de NEOGENYS, a nova empresa desenvolve uma plataforma para que o método, que usa tecnologia de ponta, fique acessível a países em desenvolvimento.

A decisão de agilizar o processo de transferência tecnológica para a sociedade foi tomada por Gustavo Alencastro Veiga Cruzeiro e seu colega e sócio Ricardo Bonfim, pesquisadores do Laboratório de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Idealizador do método, Cruzeiro acredita poder ajudar a melhorar a qualidade de vida de crianças com tumor maligno no cerebelo.

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Método simplificado e de baixo custo tem precisão semelhante à de sequenciadores de nova geração na análise do meduloblastoma,…….
possibilitando personalizar o tratamento em países emergentes – Foto: Reprodução / Pixabay via Agência Fapesp…..

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Segundo o pesquisador, a “abordagem molecular” é eficaz na definição do tipo do subtipo do tumor e indicação do melhor tratamento, já que o meduloblastoma, tumor maligno do sistema nervoso central mais comum em crianças, se manifesta em vários tipos, requerendo diferentes terapias, menos ou mais agressivas.

Locais no cérebro com os quatro subtipos moleculares do meduloblastoma. As equações de fundo representam os algoritmos utilizados na classificação – Imagem cedida pelos pesquisadores

Essa abordagem já é utilizada em países desenvolvidos. Ela consegue verificar o subgrupo do tumor, com informações precisas para escolha de tratamentos de maior ou menor intensidade – detalhes podem ser conferidos pela publicação de 14 de junho da Agência Fapesp.

Aqui no Brasil, sem os caros métodos de classificação molecular, aplica-se, na maioria das vezes, o mesmo protocolo de tratamento a todos os casos: cirurgia de retirada do tumor, quimioterapia e radioterapia. Assim, um paciente que talvez não precisasse de radioterapia, por exemplo, “acaba recebendo o tratamento que, mesmo eliminando o tumor, pode afetar a qualidade de vida da criança para sempre”, conta o pesquisador.

Por acreditar que países como a Índia, além de regiões como América Latina e África, possam se beneficiar do método de baixo custo que obteve em seus estudos, Cruzeiro se uniu a seu colega Ricardo Bonfim para criar a NEOGENYS, startup que acaba de ser selecionada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PIPE/Fapesp). Por enquanto, os pesquisadores planejam utilizar o laboratório do Hospital das Clínicas e o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Mas aguardam o processo de incubação, em andamento, no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto.

O novo método para classificar diferentes tipos de meduloblastoma foi desenvolvido durante as pesquisas para o doutorado de Cruzeiro, que trabalhou sob orientação do professor da FMRP Luiz Gonzaga Tone e contou com colaboração de colegas de instituições suíças e alemãs. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição de março da revista Acta Neuropathologica Communications. 

Mais informações: e-mail gavcruzeiro@gmail.com


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