Mudanças climáticas e demais crises requerem soluções complexas

Maurício Pietrocola diz que a escola básica não prepara alunos para tomar decisões frente a múltiplas variáveis

 13/09/2019 - Publicado há 5 anos
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Pesquisadores das áreas de educação científica, sustentabilidade, filosofia da ciência, mudanças climáticas, saúde pública e impactos sociais da tecnologia serão os expositores no ciclo de seis seminários As Várias Faces do Risco e os Desafios da Educação na Sociedade Contemporânea. O evento será entre os meses de setembro e dezembro, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Em um cenário de conflitos, inclusive com riscos civilizatórios, como no caso das mudanças climáticas, a educação desempenha papel fundamental na superação dos impasses entre melhoria da qualidade de vida e preservação do meio ambiente.

O professor Maurício Pietrocola, da Faculdade de Educação e em período sabático no IEA, organiza o ciclo. “Hoje, a escola básica não se foca em preparar alunos para tomar decisões frente a múltiplas variáveis”, alega ao Jornal da USP no Ar. Ele explica que a importância do debate ambiental e da sustentabilidade acaba com o determinismo de um desenvolvimento econômico. “A gente vive em uma situação de complexidade enorme”, aponta. A relação entre mudanças climáticas e a produção industrial é prova disso.

O objetivo dos seis seminários é trazer especialistas de diversas áreas e discutir todos os aspectos da sociedade. Além disso, Pietrocola fala da elaboração de um projeto de pesquisa mais próximo das escolas, “de alunos e professores”, detalha. Assim, revisitariam as propostas pedagógicas atuais e “imaginariam o que seria a educação científica na perspectiva da sociedade de risco, indica. 

Sociedade de Risco é um livro do sociólogo alemão Ulrich Beck, de 1986, que gerou uma discussão no fim dos anos 80 e se consolidou em um conceito. Beck apresenta como a modernidade embaralhou categorias que no pensamento clássico eram claramente divididas. Natural e artificial, sociedade e meio ambiente são exemplos. “A lâmpada do estúdio pode ter um espectro luminoso muito parecido com a iluminação do sol. E a luz solar é muito diferente daquela de 200 anos atrás, em razão das mudanças atmosféricas causadas pela produção industrial” exemplifica o educador.

“Ainda se ensina ciência e tecnologia como era nos anos 50. As respostas estariam no avanço tecnológico”, comenta o professor. E, segundo ele, isso tem efeitos práticos. “As pessoas se polarizam rapidamente sobre questões fundamentais. As queimadas na Amazônia e o desmatamento são lições disso”, expõe. Para Pietrocola, quando se isolam as perspectivas da análise, os dois lados da discussão sempre terão razão. “As decisões têm de ir no sentido de avaliar o que é menos ruim”, analisa.

O ciclo se inicia na próxima terça-feira (17). O seminário A Educação Diante dos Complexos Desafios da Modernidade, apresentado por Marcel Bursztyn, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNB, refletirá sobre o descompasso do debate filosófico e sociológico a respeito da sustentabilidade, com a aplicação em sala de aula. Ocorrerá às 10h, na sala Alfredo Bosi, no IEA.

Depois, às 14h, no mesmo dia, o professor Pedro Jacobi, do IEA, falará dos desdobramentos da Sociedade de Risco sobre a vida das pessoas. Nessa perspectiva, avaliará as transformações culturais necessárias para levar o debate sobre a crise social e ambiental além das reflexões, dessa maneira construindo bases para uma sociedade realmente sustentável.

Os encontros do ciclo As Várias Faces do Risco e os Desafios da Educação na Sociedade Contemporânea se repetirão mensalmente. O evento é aberto, mas requer inscrição prévia. Para mais informações, acesse este site.


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