Pesquisas sobre redes complexas e malária terão apoio de até R$ 1 milhão

Iniciativa que contemplou cientistas da USP é do Instituto Serrapilheira, criado para financiar pesquisas de excelência

 23/05/2019 - Publicado há 6 anos
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Momento em que os 12 cientistas foram selecionados – Foto: Raphael Gomide

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O Serrapilheira, instituição privada sem fins lucrativos criada para incentivar a produção de conhecimento e a divulgação científica, anunciou na sexta-feira (17) os 12 cientistas que terão o apoio renovado e receberão até R$ 1 milhão para investir em seus projetos pelos próximos três anos. Os campos contemplados abrangem matemática, ciência da computação e as chamadas ciências naturais (física, química, geociências e ciências da vida).

De acordo com o instituto, os projetos apoiados buscam responder a grandes questões de suas respectivas áreas de conhecimento: pesquisas ousadas e que envolvam estratégias de risco. E os cientistas têm liberdade para desenvolvê-las em longo prazo.

Dentro do financiamento de R$ 1 milhão disponibilizado aos cientistas, R$ 700 mil são oferecidos incondicionalmente. Os outros R$ 300 mil são destinados para integração e formação de pesquisadores de grupos sub-representados em suas equipes de pesquisa, como mulheres, negros, deficientes físicos, pessoas de classes sociais menos favorecidas, indígenas e quilombolas. Esse mecanismo tem o propósito de incentivar as práticas de estímulo à diversidade na ciência e sua adesão é opcional, ou seja, há a possibilidade de receber ou não esse valor.

Dentre os 12 selecionados, dois são pesquisadores da USP: Tiago Pereira, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), em São Carlos, e Daniel Youssef Bargieri, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

Explicando comportamentos de sistemas como o cérebro

Tiago Pereira aplicará os recursos para desenvolver uma teoria matemática capaz de descrever comportamentos em sistemas dinâmicos não-lineares como o cérebro, as redes sociais e os sensores de cidades inteligentes. “Nós entendemos relativamente bem o que acontece quando um sistema está isolado. Por exemplo, sabemos o que um neurônio isolado faz. Mas na natureza as coisas interagem. Então, o comportamento de um elemento depende do que acontece em sua volta e o que esse elemento faz na rede é bastante diferente do que ele faz quando está isolado”, explica.

O matemático revela que esse estudo tem potencial para contribuir com a compreensão sobre as transformações críticas que ocorrem nas redes complexas desses sistemas e que levam, por exemplo, ao surgimento de doenças como a epilepsia. “Nosso sonho é, a partir de observações do sistema no estado saudável, prever quando e como essas transições indesejadas ocorrem. Assim, conseguiríamos desenvolver mecanismos de prevenção e tratamentos.”

Bloqueando a transmissão da malária

Já o pesquisador do ICB Daniel Bargieri desenvolveu um projeto que busca encontrar novos compostos com atividade de bloqueio de transmissão da malária. Essa doença é causada por um protozoário do gênero Plasmodium e afeta as pessoas através da picada de mosquitos infectados. As drogas disponíveis para o tratamento da doença eliminam os sintomas, mas não as formas do parasita que circulam no sangue e que podem infectar os mosquitos. “Os pacientes são tratados, mas ainda continuam como fonte de transmissão do parasita para o mosquito durante pelo menos uma semana. E o nosso projeto busca resolver esse problema”, explica Bargieri. O objetivo do estudo é identificar novas drogas capazes de impedir que os próprios mosquitos sejam infectados, impedindo a cadeia de transmissão. Para isso, foram criados modelos experimentais que conseguem testar mais de 5 mil drogas ao mesmo tempo, a fim de encontrar compostos que possam contribuir para a eliminação da doença.

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Larvas do mosquito Anopheles, vetor da malária – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

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O pesquisador do ICB comenta que um dos grandes atrativos do financiamento dado pelo Instituto Serrapilheira é sua flexibilidade. “Vamos poder fazer algumas coisas mais arriscadas talvez, sem ter que ficar presos às amarras de verbas destinadas exclusivamente a serviços, consumo e viagens, por exemplo. Podemos usar da maneira que acharmos melhor, conforme as necessidades ao longo do projeto”, comenta.  

Com informações do Instituto Serrapilheira e de Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC


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