Esta semana estamos acompanhando o transtorno causado pelo viaduto que cedeu na Marginal do Rio Pinheiros. As causas ainda estão sendo apuradas e a Prefeitura de São Paulo, que não tem uma previsão de quando e como o problema será resolvido, ainda procura o projeto original do viaduto, o que facilitaria a análise do problema. Para falar sobre esse problema e como a cidade responde a ele, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Pedro Luis Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
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O acontecimento expõe a falta de preparo da cidade de São Paulo para enfrentar não apenas eventos desse tipo, mas também problemas com o transporte de produtos químicos perigosos, acidentes com linhas de distribuição de gás ou derivados de petróleo, ou mesmo eventos naturais extremos como chuvas intensas. O professor afirma que já houve desastres semelhantes em São Paulo e que, mesmo assim, vistorias não são adequadamente realizadas e manutenções são adiadas. O problema não é recente. Em 2012, o Viaduto Pompeia ficou parcialmente interditado durante seis meses depois que um incêndio afetou a sua estrutura. Em 2015, uma ponte localizada debaixo do Viaduto Grande São Paulo caiu sobre o Rio Tamanduateí. Em 2016, o Viaduto Santo Amaro, na Zona Sul, ficou com a estrutura parcialmente comprometida devido a um incêndio provocado por um caminhão. O viaduto foi totalmente liberado mais de seis meses depois.
A elaboração de prévia de planos de emergência também é outro ponto negligenciado, explica Côrtes. O especialista completa ao afirmar que uma cidade com 12 milhões de habitantes precisa deixar de lado o improviso e elaborar planos de contingência capazes de analisar as maiores vulnerabilidades e indicar as medidas que devem ser tomadas para reduzir o impacto desses eventos.