No próximo dia 27, Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos, médicos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e pacientes transplantados, em tratamento no hospital, irão conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. Para falar sobre a necessidade do procedimento e desmistificar o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com a doutora Débora Terrabuio, da Clínica de Gastroenterologia e Hepatologia da USP.
O Brasil tem mais de 32 mil pacientes em lista de espera de um órgão, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Transplantes de Órgãos, e o Instituto Central do Hospital das Clínicas já realizou, em 2018, mais de 321 transplantes, de janeiro a agosto. A especialista conta que há cerca de 40% de recusa das famílias em realizar o procedimento. Por isso, ela ressalta a importância da comunicação entre o potencial doador e os entes queridos, para que a família saiba do interesse da pessoa e permita a doação no momento da morte. A conversa é necessária, pois a decisão final cabe aos familiares, já que apenas uma autorização por escrito do interessado não é o suficiente.
Além disso, Débora também revela os mitos por trás da doação de órgãos. Diferente do que pensa o senso comum, a doação não é financiada pela família e não desfigura o corpo, pois se trata de um procedimento cirúrgico sem mutilação e não impede que o cadáver seja velado com o caixão aberto. A desmistificação também é essencial para que a decisão seja aceita pelos familiares, permitindo que mesmo em um momento de luto a doação seja autorizada. A especialista ainda comenta que um doador pode salvar até dez vidas.
Após atestar a morte encefálica, a equipe médica é responsável por avaliar quais órgãos estão em condições de serem doados. Todos esses procedimentos são feitos rapidamente e sem pressionar a família. Também realiza-se exames de compatibilidade sanguínea e outros para descartar hepatites virais e doenças infectocontagiosas, a fim de certificar que a pessoa está apta a ser uma doadora.