Motocicletas ainda lideram estatísticas de acidentes de trânsito

Embora nem sempre letais, acidentes tendem a ser graves e gerar tratamentos de alto custo e incapacitação

 20/09/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

A Semana Nacional de Trânsito de 2018, com o tema Nós Somos o Trânsito, e o objetivo de conscientização da população, teve início no dia 18 de setembro e vai até o dia 25. Dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP), divulgados recentemente, mostram que houve pequena diminuição no número de óbitos na análise do acumulado dos primeiros oito meses deste ano (3.547) em relação ao mesmo período de 2017 (3.756), redução de 5,6% e 209 vidas preservadas.

Dos 460 óbitos ocorridos somente em agosto, 81% foram homens, sendo que a maior parte das vítimas estava na faixa etária de 18 a 29 anos (25%). Em relação aos modais, 29% vítimas eram motociclistas, 27% estavam em automóvel e 26% eram pedestres. Os principais fatores associados aos acidentes são falta de educação, desrespeito às leis, excesso de velocidade, ingestão de álcool, direção perigosa e uso de celular. Os acidentes de trânsito se configuram como grave problema de saúde pública no País. Essas emergências têm, porém, um aspecto particular: a maioria delas é evitável.

Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde – Flickr-CC

A dra. Júlia Maria D’Andrea Greve, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, fala sobre a questão dos acidentes de trânsito e sobre como podem ser evitados. Ela conta que discorda da ideia de que sejam acidentes, justamente por poderem ser evitados. Esse caráter imprudente das tragédias no trânsito é comprovado com estudos feitos no hospital, que indicam velocidade excessiva, imprudência e uso de álcool como causas frequentes, explica Júlia, que completa defendendo que esse comportamento inadequado do condutor poderia ser prevenido com campanhas efetivas de conscientização, ou mesmo com multas, já que “às vezes a gente não muda o comportamento, se não tiver um pouco de medo”.

A médica diz ainda que, mesmo quando o acidente não é fatal, há grandes chances de sequelas – para cada morte, tem-se quatro ou cinco feridos graves. Existem também pacientes que, apesar do rápido e eficiente resgate, chegam ao HC em situação tão grave que acabam falecendo na sala de emergência. Ela lembra, também, que embora as lesões graves nos membros inferiores sejam as mais recorrentes, elas não tendem a ser fatais, mas  geram altos custos com medicamentos e cirurgias, além de levar à incapacitação. Segundo a médica, os principais traumas são causados por acidentes de motocicleta – até maior do que os atropelamentos de pedestres.

Por fim, Júlia comenta sobre a condução sob efeito de álcool: dependendo da eficiência das campanhas de punição e fiscalização da região, as pessoas parecem ter mais consciência, mas mesmo assim ocorrem muito casos de pessoas no hospital ou mesmo paradas em blitz que estão sob efeito de substâncias psicoativas. A mudança nesse comportamento é, portanto, regional, e não geral, como foi com a campanha para o uso do cinto de segurança.

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