Neste ano de eleições, houve um aumento da participação feminina para concorrer a cargos executivos. O cenário mostra quatro mulheres na disputa da vice-presidência e 67 candidatas a vice-governadora. Apesar disso, a especialista em questões de gênero Heloísa Buarque de Almeida, professora de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, explica ao Jornal da USP no Ar que o Brasil ainda carece de representatividade política feminina e defesa dos direitos das mulheres.
Apesar do aumento da participação feminina na política, a especialista comenta que a maioria das candidatas não aborda pautas feministas. Segundo Heloísa, mulheres que estão concorrendo a cargos políticos deveriam se comprometer a discutir essas questões, já que o Brasil mostra altos índices de violência doméstica e sexual, desigualdade salarial e uma onda de feminicídio recente.
A professora afirma que a ocupação de cargos executivos e legislativos por mulheres ainda é irrisória no Brasil e descreve o cenário nacional como o pior comparado a outros países da América Latina, considerados mais atrasados e machistas. Em meio à crescente do movimento feminista e seus segmentos nas universidades e escolas e da visibilidade de pautas de defesa dos direitos das mulheres no Legislativo, a professora considera perverso que o momento eleitoral não considere pautas de igualdade de gênero.
A especialista analisa que ainda faltam no Brasil a criação de uma identidade feminina e solidariedade entre as mulheres, grupo que representa o maior eleitorado. Além disso, observa que existem candidatos masculinos mais preocupados com os direitos das mulheres do que as próprias candidatas. Sendo assim, mesmo que haja mais mulheres concorrentes a cargos, o público feminino não irá se identificar necessariamente com as candidatas.
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