A sociedade contemporânea está cada vez mais dependente dos seus celulares. Pesquisas recentes apontam que mais de cinco bilhões dos 7,5 bilhões habitantes do planeta usam algum tipo de dispositivo móvel.
“As pessoas estão mesmo cada vez mais presas aos seus celulares”, observa Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAUUSP). “São incontáveis as transformações que esse pequeno dispositivo multitarefa trouxe ao nosso cotidiano. O celular é quase uma extensão dos nossos corpos. É agenda, meio de comunicação, banco, espaço de trabalho, de leitura, mapa, câmera fotográfica, álbum, rádio, gravador, enfim, uma espécie de controle remoto urbano e que funciona também como telefone”, diz.
Essa dependência é tamanha que, segundo a professora, já virou uma síndrome. “Os psiquiatras identificaram a nomofobia, o pânico de ficar sem celular. O nome vem do inglês: No mobile phone phobia.”
Giselle aponta pesquisas, como as de Jack Linchuan Qiu, que discute os regimes de escravidão contidos no celular (desde a produção, em sistemas de trabalho forçado, até a “fabricação” de dependentes) e do estadunidense Adam Greenfield. Um dos pioneiros em arquitetura de informação, “Greenfield vem estudando políticas para as tecnologias emergentes que não sejam mera reprodução dos arranjos do poder. Em seu último livro, Radical Technologies (2017), faz um mapeamento das principais tecnologias que estão modificando o nosso cotidiano e aposta em uma ideia cara ao pioneiro Adam Kay: “a melhor forma de prever o futuro é inventá-lo.”
Adam Greenfield virá em novembro ao Brasil. “É um dos palestrantes do Sigradi, Congresso Internacional de Arquitetura, Urbanismo, Design e Arte Digital realizado neste ano no IAU, Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP em São Carlos”, anuncia a professora.
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