Enquanto a corrupção se moderniza, as instituições ainda utilizam mecanismos de controle do século XIX. O país possui inúmeros órgãos de controle contra o desvio de dinheiro, entretanto roubos acontecem porque não existe uma inteligência fiscalizatória focada nos processos administrativos e nas compras realizadas pelo Estado.
O diagnóstico é da doutora em sociologia econômica pela USP, Florencia Ferrer. Ela alerta que a verticalização do orçamento ministerial, por exemplo, faz com que uma pasta do governo não tenha acesso às outras. Assim, o mercado consegue vender o mesmo produto por preços e descrições diferentes para o Executivo Federal, gerando gastos desnecessários para o orçamento do governo. Ferrer explica que essa medida permite que servidores construam demandas indevidas no setor público, gerando fraudes nos processos administrativos.
A socióloga destaca, ainda, que os altos privilégios dos funcionários públicos destoam da realidade empregatícia do brasileiro. Em levantamento realizado por ela, o STF gasta, mensalmente, cerca de um milhão e meio de reais com atividades secundárias para o órgão, tais como decoração de interiores e serviço de engraxate. Além disso, ela defende o sistema Blockchain como solução para aproximar a população da organização orçamentária dos poderes brasileiros. A plataforma funciona como um ‘carimbo eletrônico’ e de acesso aberto que data todas as transações realizadas pelo governo. Desse modo, a tecnologia garante que o cidadão fique a par de como o seu dinheiro está sendo investido.
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