Na coluna desta semana, o professor Renato Janine Ribeiro comenta a decisão histórica da USP em aderir ao sistema de cotas para ingresso na Universidade. Para o colunista, duas grandes razões justificam o fato.
A primeira é ética: oferecer a grupos historicamente excluídos, como alunos de escolas públicas, negros e indígenas, a oportunidade de entrarem no ensino superior de qualidade. O professor lembra que os EUA adotaram prática semelhante de um modo muito intenso a partir da década de 1960, apesar de o sistema deles ser diferente do nosso.
A segunda razão é a necessidade de levar em conta todas as dificuldades que um cotista enfrentou ao longo da vida. Se ele consegue ter uma pequena diferença na nota, em média de 10%, em relação ao não cotista, então a garra dele é semelhante ou até maior. E vários estudos apontam que o aluno cotista supera, ao longo da graduação, esse desnível.
Janine cita como exemplo a Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas do mundo. De acordo com o professor, no curso de direito, quando vão escolher alunos, eles abrem uma primeira seleção baseada em critérios associados às notas. Mas depois, na hora de formar as classes, é necessário que as turmas tenham três características: sejam multirraciais, multiculturais e tenha pessoas com experiência em voluntariado social.
O professor considera esse exemplo norte-americano muito bom. E acredita que seria necessário no Brasil, pois aqui não há um comprometimento social dos cursos no sentido de os alunos devolverem para a sociedade os benefícios recebidos ao longo da graduação.