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Ver o seu acervo, sob os cuidados e salvaguarda da Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, que ajudou a fundar e construir em 1948 sempre foi um dos sonhos projetados por João Batista Vilanova Artigas. O professor, engenheiro e arquiteto queria que o seu legado ficasse à disposição dos estudantes e pesquisadores.
No próximo dia 19 de junho, a partir das 14h, o Instituto Virgínia e Vilanova Artigas chancela a doação efetiva dos projetos, desenhos, estudos, documentos para a salvaguarda e manutenção da biblioteca da FAU. O anúncio será realizado em uma programação com homenagens, abertura da exposição Cadernos dos Riscos Originais com projetos e desenhos do arquiteto e exibição da cinebiografia Vilanova Artigas: O Arquiteto e a Luz , de 2015, sob a direção de Laura Artigas e Pedro Gorski.
Os projetos de Vilanova Artigas já estavam sob a responsabilidade da biblioteca da FAU desde o final dos anos 1990. São mais de 500 projetos que podem ser consultados neste link. Os documentos originais foram transferidos pela Fundação Vilanova Artigas – instituição que funcionou entre 1986 a 2008 –, por meio de um convênio cultural assinado entre a Fundação e a FAU. A partir de 2015, com as comemorações do centenário de nascimento de Artigas, sua filha Rosa e seus netos Marco e Laura sentiram a necessidade de institucionalizar novamente a gestão do acervo pessoal, do nome e da imagem de Vilanova Artigas, e programar, paulatinamente, novas parcerias, absorvendo as possibilidades da tecnologia digital para fazer o legado do arquiteto acompanhar o futuro. Com a doação chancelada, no próximo dia 19, a biblioteca da FAU continua com a sua responsabilidade na preservação das obras, história e memória do arquiteto.
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Arquitetura com função social
João Batista Vilanova Artigas (1914 – 1985) é apontado como um dos expoentes da arquitetura moderna brasileira. Sua vasta obra, que conta com mais de 500 projetos, é caracterizada pelo rigor técnico, por estabelecer diálogo com o espaço urbano e por estimular a convivência entre as pessoas. Artigas nasceu em Curitiba, Paraná, na região Sul do Brasil. Veio para São Paulo no início dos anos 1930, onde se formou engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica (Poli) da USP. No início dos anos 1940 foi contemplado com uma bolsa de estudos da Fundação Guggenheim, no entanto, preferiu aprender sobre a arquitetura in loco.
Trocou as aulas da pós-graduação por uma road trip pelos Estados Unidos. Mais tarde, em 1953, passou alguns meses na União Soviética. Teve a oportunidade de observar de perto duas visões de mundo que influenciaram profundamente sua produção arquitetônica. Dono de uma mente inquieta, transcendeu seu ofício para além da prancheta e defendeu a arquitetura como agente de transformação da sociedade. Participou ativamente de grupos de artistas, conselhos de revistas culturais, de museus e associações, do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), além de integrar, a partir de 1945, o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Foi professor na FAU e um dos fundadores em 1948. Entre suas obras mais conhecidas estão o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o popular Morumbi (1953); o Edifício Louveira (1946), famoso pela sua integração com a praça Vilaboim, em Higienópolis, zona central de São Paulo; a Rodoviária de Jaú (1973), no interior do Estado, celebrada por sua colunas em forma de flor; o inovador Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães (Cecap – 1969), próximo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, porta de entrada da capital paulista.
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Vilanova Artigas elaborou o projeto do prédio da FAU na Cidade Universitária, no bairro do Butantã, em São Paulo, em 1969. A obra é considerada um de seus principais trabalhos. De concreto bruto, vidro e simplicidade em suas linhas, o Edifício Vilanova Artigas evidencia um foco na integração dos espaços, com seus andares ligados por rampas de alturas oscilantes, transmitindo uma sensação de plano único. “A FAU é um espaço fluido, integrado, somático. A pessoa não sabe se está no primeiro andar, no segundo ou no terceiro”, como descreveu o próprio Artigas. O prédio foi tombado em 1982 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e ganhou o Prêmio Jean Tshumi da União Internacional dos Arquitetos (UIA), em 1985, por sua contribuição ao desenvolvimento tecnológico da arquitetura.
A solenidade será realizada no dia 19, às 14 horas, no Edifício Vilanova Artigas da FAU, na Rua do Lago, 876, bairro do Butantã, em São Paulo.
Confira informações sobre o acervo disponível na biblioteca da FAU neste link.
