Ouça, na íntegra, a entrevista com o professor José Ernesto dos Santos (FMRP – USP):
Uma realidade preocupante. Uma em cada três crianças brasileiras apresenta excesso de peso, segundo o Ministério da Saúde. Resultado do mau hábito alimentar. Frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país, principalmente no público infantil, é o objetivo das metas anunciadas pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, dia 14, durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em Brasília.
O encontro fez parte da implementação da Década de Ação das Nações Unidas para a Nutrição, que vai até 2025 e que incentiva o acesso universal a dietas mais saudáveis e sustentáveis.
O Brasil assumiu o compromisso de atingir três metas. A primeira é deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019. A segunda é reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019. A terceira é ampliar em no mínimo 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.
A ideia é que, ao mudar o hábito alimentar do adulto, o da criança tende a mudar também. O professor José Ernesto dos Santos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, especialista em nutrição, diz que as metas anunciadas são o primeiro passo e que agora é preciso implementar as ações.
Ele aponta que a integração de diversos ministérios numa ampla política de combate ao excesso de peso e à obesidade de médio a longo prazo, aliada à educação alimentar nas escolas, campanhas publicitárias para mudança de hábitos, são algumas ações que podem mudar o cenário de excesso de peso entre a população brasileira.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, realizada pelo IBGE, revelam que mais da metade dos brasileiros está com excesso de peso. A ingestão de alimentos ultraprocessados começa já nos primeiros anos de vida. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde, revela que 40,5% das crianças menores de 5 anos consomem refrigerante com frequência. E dados da Pesquisa Nacional de Saúde apontam que 60,8% das crianças menores de 2 anos comem biscoitos ou bolachas recheadas.