Vídeos do Projeto Fofito Explica fazem parte de disciplina e são avaliados - Foto: Reprodução/YouTube

Vídeos educativos ensinam como surgem doenças neurológicas

No projeto que faz parte da disciplina de Neuroanatomia da USP, alunos estudam doenças como Alzheimer, esclerose múltipla e Parkinson e transformam o aprendizado em vídeos educativos

22/06/2020

Karina Tarasiuk

A necessidade de estudar em casa por causa da pandemia fez muitos professores e estudantes buscarem recursos e conteúdos disponíveis na internet. Para ajudar nessa tarefa, materiais de qualidade produzidos por iniciativas da USP estão disponíveis para ensinar temas de ciências de maneira didática e acessível. Uma dessas iniciativas é o FoFiTO Explicaprojeto desenvolvido na disciplina de Neuroanatomia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, realizada por estudantes de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Os vídeos preparados pelos alunos explicam o que acontece com o sistema nervoso quando ele é afetado por uma doença neurológica e facilitam a compreensão de condições como Alzheimer, esclerose múltipla e Parkinson, entre outras. Ao mesmo tempo em que aprendem, os estudantes produzem conteúdo e disponibilizam para o público geral.

O projeto surgiu em 2018, sob a responsabilidade da professora Luciane Valéria Sita, que leciona a disciplina no ICB. Formada em Fisioterapia e especializada em Fisioterapia Neurológica, tem familiaridade com tais doenças, porém isso não se aplica aos alunos: “Eu sempre percebi que os alunos tinham muita dificuldade em neuroanatomia, porque é uma disciplina muito árdua, muito difícil.” Com isso, a partir de uma pesquisa de opinião entre os alunos, concluiu que a neuroanatomia é o tipo de anatomia mais difícil de ser compreendida. “Ela é muito importante para esses futuros profissionais em sua vida clínica. Então eu quis mostrar que eles precisavam entender esse tema, porque depois iriam aplicar esses conceitos nos pacientes que tratarão daqui a quatro anos, quando se formarem”, diz a professora.

Foi assim que surgiu o FoFiTO Explica, uma iniciativa que explica as doenças para os alunos mas que também é voltado para a sociedade. 

Professora Luciane Valéria Sita, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP - Foto: Arquivo pessoal

 “Hoje em dia a linguagem mais compreendida pelo grande público é o vídeo. Em 2018, propus para os alunos a ideia de um trabalho valendo nota em que deveriam fazer um vídeo com linguagem para o público leigo, apresentando como o sistema nervoso seria afetado em uma doença que eles poderiam escolher”, explica Luciane. O projeto é obrigatório e faz parte do sistema de avaliação para quem cursa a disciplina BMA0311, que reúne entre 75 e 80 alunos, divididos em dez grupos.

Vídeos do Projeto Fofito Explica

Sindrome Pseudobulbar

Neurosífilis

Hidrocefalia

Alzheimer

Acidente Vascular Cerebral

Esclerose Múltipla

Roteiro que garante o sucesso

O que contribuiu para o projeto ser posto em prática, segundo a professora Luciane, foi um workshop do Congresso de Graduação da USP que orientava como fazer vídeos, principalmente a parte de roteiro. “Eu ensino para os alunos como eles devem planejar um vídeo, incluindo, por exemplo, a iluminação e como se portar. A partir daí eles têm liberdade para escolher qual é a patologia que eles vão abordar e qual vai ser o conteúdo do vídeo, com base no roteiro que vão criar”, esclarece. A professora também orienta o uso de imagens com direitos autorais e sobre ferramentas disponíveis gratuitamente para edição e animação. No encerramento da disciplina, os alunos devem entregar o vídeo já editado com no máximo três minutos de duração. 

Os vídeos são avaliados por Luciane e Camila Squarzoni Dale, outra docente do curso, além de alunos de pós-graduação que participam do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE). O material também é analisado pelo neurologista Mauricio Hoshino. “Já que os vídeos são médicos, é bom que um especialista avalie para termos certeza de não existir informações incorretas sendo passadas para o público”, explica a professora.

Luciane destaca também que, apesar de todo o trabalho, os alunos gostam bastante da tarefa. “Eles se sentem muito satisfeitos em dar um retorno para a sociedade ao mesmo tempo em que estão aprendendo”, conclui. 

Para mais informações acesse a página do Facebook e o canal do YouTube do projeto.