Prédios do Conjunto Residencial da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Renovação do Crusp começa com reforma do Bloco D e da marquise

A obra foi orçada em R$ 4,7 milhões e deve ser concluída em 12 meses

 27/08/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 31/08/2021 as 17:52

Erika Yamamoto

Após quase seis décadas de história, o Conjunto Residencial da USP (Crusp) passará por uma grande reforma estrutural, com a adequação dos prédios às normas de acessibilidade, recuperação de espaços e melhorias nas condições de moradia dos estudantes.

Localizado na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, o complexo é formado por oito blocos, com capacidade para abrigar cerca de 1.600 estudantes de graduação e pós-graduação da USP. Os apartamentos possuem três quartos individuais, uma sala comum, banheiro e pia, e os prédios também são equipados com cozinhas e lavanderias compartilhadas.

“O Crusp é um símbolo da Cidade Universitária e reflete a vida no ambiente universitário, a diversidade, o debate de ideias e as conquistas das políticas de inclusão social”, afirma o superintendente de Assistência Social, Gerson Yukio Tomanari.

As vagas são destinadas a alunos com dificuldades socioeconômicas e geridas pela Superintendência de Assistência Social (SAS). Atualmente, o Programa de Permanência Estudantil da SAS concede suporte à moradia para aproximadamente 12 mil estudantes, sendo oferecidas 2.700 vagas em moradia estudantil, como o Crusp, e 9.600 auxílios-moradia, no valor de R$ 500.

Tomanari

Gerson Yukio Tomanari, superintendente de Assistência Social - Foto: USP Imagens

O projeto

Fachada do projeto de reforma do Bloco D, com destaque para a nova torre de elevador e escada - Foto: Divulgação/SEF USP

O projeto de reforma do Crusp abarca sete dos oito blocos do conjunto. O prédio conhecido como A-1, inaugurado em 2010 com uma estrutura diferente, não está incluído na reforma.

Desenvolvido pela Superintendência do Espaço Físico (SEF), o projeto tem três diretrizes principais: a adequação às normas e atual legislação sobre acessibilidade; o reforço de medidas de prevenção e combate a incêndios; e a recuperação e melhoria da qualidade dos espaços.

“Um dos maiores desafios é o elevador, que fica entre dois andares e exige que o usuário suba ou desça alguns degraus. Para tornar o prédio acessível, nós construiremos uma torre de elevador e nivelaremos o piso”, explicou o superintendente do Espaço Físico, Francisco Ferreira Cardoso.

Houve também uma preocupação com as normas de segurança. Para tornar os prédios mais seguros, serão construídas, nas torres dos elevadores, escadas de emergência e reservatórios de água para atender às exigências do Corpo de Bombeiros. Também serão reformadas as instalações elétricas e os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.

Foto: usp.br

Francisco Ferreira Cardoso, superintendente do Espaço Físico - Foto: usp.br

Outro aspecto considerado foi o da convivência. A área do Crusp é um espaço de grande circulação de pessoas, pois abriga também equipamentos como o Restaurante Central e o Anfiteatro Camargo Guarnieri.

O planejamento da reforma começou em 2016, quando a SEF contratou um projeto executivo para o atendimento às normas de segurança e acessibilidade. Por causa de entraves burocráticos e da crise financeira enfrentada pela Universidade nos últimos anos, a reforma só pôde ser iniciada agora.

“Esses cinco anos trouxeram um amadurecimento para o projeto, adicionando aspectos muito positivos. Por exemplo, por uma questão de escassez de recursos financeiros naquele período, o projeto de 2016 só contemplava a adequação às normas de segurança e acessibilidade, não fazia parte do seu escopo a reforma interna dos apartamentos e das áreas comuns”, explica Cardoso.

O superintendente lembra também que, nestes anos de espera, os prédios não estavam abandonados e passaram por pequenas intervenções e melhorias, como a ampliação da oferta da rede de wi-fi e obras no sistema de abastecimento de água da Sabesp.

“Para todos os funcionários da SEF, é uma alegria presenciar o início dessa obra. Esse projeto é fruto de um esforço coletivo e sua importância não é apenas para os moradores do Crusp, mas para toda a comunidade da USP”, conclui.

Vista aérea do Crusp no período de sua construção, em 1963 - Foto: Divulgação/SEF USP

Perspectiva do projeto de segurança e acessibilidade, com a instalação de torres de elevador e escadas de emergência - Foto: Divulgação/SEF USP

Acessibilidade

  • Construção de uma torre de elevador
  • Calçadas niveladas, com piso adequado e sinalização tátil em sua extensão
  • Apartamentos e áreas comuns adaptados para portadores de necessidades especiais

Segurança

  • Reservatório de água nas torres de elevador, para atender às exigências do Corpo de Bombeiros
  • Escadas de emergência
  • Nova cobertura do prédio, em telha metálica
  • Reforma das instalações elétricas
  • Instalação de Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA)

Recuperação e
melhoria dos espaços

  • Restauração paulatina da arquitetura original dos pavimentos térreos, onde for possível, para liberar as áreas de vivência entre pilotis
  • Construção de bicicletários, salas de convivência e recepção nos pavimentos térreos
  • Melhorias nas cozinhas e lavanderias coletivas

Entrada do bloco D do Conjunto Residencial da USP - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Bloco D

A primeira etapa do projeto é a reforma do Bloco D e da marquise do eixo central. A obra, orçada em R$ 4,7 milhões, tem estimativa de execução em, no máximo, 12 meses.

O Bloco D tem aproximadamente 4,6 mil metros quadrados de área, distribuída em sete pavimentos, sendo o térreo e mais seis andares com 11 apartamentos cada.

Atualmente, o bloco abriga 111 moradores efetivos que já estão sendo realocados temporariamente em apartamentos dos demais blocos do Crusp. “Por causa da reforma, a oferta de vagas neste ano foi menor, para que pudesse ser feita a liberação do Bloco D para as obras. Mais de 80% dos alunos já foram acomodados em outros blocos ou optaram por receber o auxílio-moradia”, explicou Tomanari.

Todo o processo é conduzido pelas assistentes sociais que orientam os estudantes e auxiliam na mudança, considerando as necessidades de cada um. Todos os alunos moradores do Bloco D terão sua vaga garantida e poderão retornar após o término da reforma. (Leia a nota publicada pela Superintendência de Assistência Social sobre o início da reforma do Crusp.)

Planta do apartamento acessível projetado para o Bloco D - Foto: Divulgação/SEF USP

Planta da lavanderia (área de uso coletivo) - Foto: Divulgação/SEF USP

Planta da cozinha (área de uso coletivo) - Foto: Divulgação/SEF USP

A reforma dos apartamentos compreende as instalações elétricas, núcleo hidráulico e pintura geral. As esquadrias também serão restauradas e pingadeiras em granito serão instaladas nas bases das janelas, resolvendo os problemas de infiltrações.

Um apartamento de cada andar será adaptado para cumprir a legislação de acessibilidade. Esses apartamentos terão dois dormitórios amplos e banheiro completo acessível. O prédio também terá três cozinhas comunitárias, uma lavanderia, uma sala para crianças e uma sala de estudos.

A SAS disponibilizou uma página para acompanhar o planejamento e a evolução da obra.

60 anos de história

O Conjunto Residencial da USP (Crusp) começou a ser projetado em 1961, como parte da infraestrutura criada para abrigar os atletas dos Jogos Pan-Americanos de 1963. O projeto inicial foi dos arquitetos Eduardo Kneese de Mello, Joel Ramalho Júnior e Sidney de Oliveira. O Fundo de Construção da Cidade Universitária detalhou e construiu os edifícios.

Com o aprofundamento da crise financeira e o recrudescimento do regime militar, em 1968, as obras foram paradas e os estudantes foram expulsos das moradias pelo Exército. Os blocos passaram a servir a outras finalidades e algumas das estruturas que ainda não tinham sido acabadas foram demolidas. Os estudantes só voltaram a ocupar as moradias no começo dos anos 1980.

No início da década de 1990, a visível deterioração dos alojamentos levou a uma ampla reforma feita em todos os blocos. Em 2010, foi inaugurado o Bloco A1, desenvolvido dentro de um plano de Recuperação do Crusp.

Construção do CRUSP, criado para abrigar atletas durante os Jogos Pan-Americanos de 1963 - Foto: Acervo / Jornal da USP


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