Uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem ajuda professores a acompanhar em tempo real a compreensão dos alunos em relação aos conteúdos trabalhados em aula: assim funciona a chamada peer-instruction, método aplicado pelo professor da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP, Carlos Alberto Moreira dos Santos, para lecionar a disciplina de Física III.
Neste semestre, Santos utilizou uma plataforma de aprendizado colaborativo na qual o aluno acessa o conteúdo das aulas e aprende ativamente antes de ter contato com o professor em classe. O estudante leva para este momento apenas suas dúvidas para discussão. “Não podemos negar a realidade em que vivemos. Os jovens precisam ser tratados com cuidado e respeito, levando em conta sua realidade. A velha forma de ensinar funciona muito bem, funcionou comigo, mas a realidade atual é outra”, afirma o professor.
O Cuboz, ferramenta escolhida por Santos, permite a criação de redes de estudos on-line. O conteúdo teórico de sua disciplina é disponibilizado por meio de vídeos curtos, de seis a 15 minutos. Muitos deles são produzidos pela Khan Academy, uma ONG criada para oferecer educação de qualidade para qualquer pessoa que tenha acesso à internet. São aulas virtuais com didática totalmente adaptada para a geração nascida na era digital.
As aulas presenciais ocorrem normalmente. Durante o horário de aula, o professor está em sala para tirar dúvidas dos alunos e colocar em prática a teoria, usando a metodologia de aula invertida, aproveitando o tempo disponível para fazer pequenas palestras sobre temas avançados de pesquisa científica ou tecnológica relacionados ao conteúdo da aula.
“Posso assistir minhas aulas e fazer minhas tarefas pelo smartphone, posso usar múltiplas fontes para concluir minhas atividades e aprendo com o professor a filtrar as informações confiáveis”, conta Gabriel Wendling, aluno do curso de Engenharia Ambiental da EEL.
Uma vantagem dessa ferramenta, lembra o professor Santos, é que a rede social reúne os alunos, o professor da disciplina, outros professores da EEL, técnicos e especialistas envolvidos da área, promovendo a aprendizagem colaborativa.
“Essas pessoas têm formações diferentes. Cada um tem sua didática própria e forma particular de se expressar, e essa característica enriquece as discussões” argumenta. Ele destaca ainda que, com o Cuboz, há uma sala de aula ativa 24 horas por dia. “Não é uma aula que acontece em duas ou quatro horas, acaba e não se fala mais do assunto. Por essa ferramenta, todos estão disponíveis o tempo todo para trocar informações a respeito da disciplina e tirar dúvidas.”
“Estou gostando bastante da nova metodologia de ensino. É bem mais estimulante quando se usa o computador para aprender”, afirma Marcela Rey, aluna de Engenharia de Produção. “Ao conciliar videoaulas, livro e exercícios, o aprendizado é concretizado e colocado em prática, fazendo com que o conhecimento não seja só obtido para uma avaliação”, completa.
A professora Elisangela Moraes, vice-presidente da Comissão de Graduação da EEL, participou da aula de apresentação desse método experimental no primeiro dia letivo deste semestre e aprovou a ideia. “Com a evolução da tecnologia e tantos recursos disponíveis, temos que buscar inovar e de alguma forma prender mais a atenção do nosso aluno, mantendo a excelência na qualidade do ensino. Propostas como essa do professor são muito bem-vindas.”
O professor Santos espera poder romper barreiras tirando proveito máximo que a tecnologia cotidiana oferece para ensinar de uma forma mais adequada aos dias de hoje. A rede Cuboz/EEL-USP já possui 140 pessoas registadas, das quais 78 são alunos regularmente matriculados que estão recebendo o conteúdo programático das aulas por meio virtual.
Adaptado de Simone Colombo, da Assessoria de Imprensa da Escola de Engenharia de Lorena