Desenvolver um projeto de inovação e empreendedorismo em uma instituição de ensino ou empresa fora do Brasil. Esta é a oportunidade que a Agência USP de Inovação (Auspin) oferece a todos os alunos de graduação da Universidade por meio da Bolsa Empreendedorismo.
Criada em 2012, ela se diferencia de outras bolsas de mérito acadêmico para intercâmbio da USP porque incentiva a independência do aluno: é ele quem tem a responsabilidade de buscar a instituição de ensino, centro de pesquisa ou empresa de base tecnológica onde realizará o projeto.
A Auspin organiza a concessão das bolsas com o julgamento dos projetos por uma banca composta de professores, profissionais de inovação e ex-bolsistas. A participação na Bolsa Empreendedorismo tem como requisito, além de cursar alguma graduação na USP, ter ao menos 20% dos créditos cumpridos, não possuir dependências em aberto e não receber nenhuma outra bolsa. Ademais, os estudantes podem ser indicados por suas unidades, o que tem peso no julgamento dos projetos.
O estudante tem liberdade para o desenvolvimento das pesquisas, que devem apresentar relação com seu curso. “O que é avaliado é o teor da inovação e a aplicação. A premissa é fazer com que o aluno tenha contato com o setor de inovação e com noções de empreendedorismo. O projeto precisa ter um potencial para aplicação, ser importante, reverter um ganho para a sociedade”, explicou Selma Shibuya, que integra a equipe da Auspin.
Os estudantes favorecidos podem usar o benefício da forma que for preciso para a conclusão do projeto em outro país. Bruno Balboni, ex-estudante de Engenharia Florestal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, conheceu a Bolsa Empreendedorismo quando a professora Luciana Duque Silva comentou que havia poucas pessoas inscritas. Ele se interessou em fazer seu projeto em uma empresa de madeira, nos Estados Unidos, mas a organização respondeu que precisava de um maior planejamento para receber Bruno.
Por indicação de seu orientador, o professor José Nivaldo Garcia, Bruno tomou conhecimento da Universidade de Melbourne, na Austrália, onde coincidentemente um professor especialista em micro-ondas aplicadas à madeira estava prestes a se aposentar. Com isso, a Universidade o chamou para trabalhar no centro de pesquisa, realizando estudos sobre a secagem de madeiras com técnicas prévias de tratamento com micro-ondas.
Bruno conta que o intercâmbio foi uma experiência que agregou muito à sua vida profissional e pessoal pela realidade que conheceu durante a pesquisa. “A cidade tinha 2 mil habitantes. Não sabia se ia aguentar, mas no fim fiquei um mês adicional e não queria mais voltar. O campus era pequeno e não acontecia muita coisa. Conheci latinos, americanos, muçulmanos, mexicanos, formamos um bom grupo e corríamos atrás de coisas para nos divertir. Não precisa de muito para ser feliz”, relata.
Ele comenta ainda que se sentiu privilegiado com a liberdade dada a ele na condução do projeto, o que proporcionou um ganho de confiança a respeito do que pode fazer sozinho, além de ter aprimorado sua escrita em inglês e ter passado a se interessar mais pelo trabalho acadêmico. Bruno, inclusive, acabou se candidatando a um concurso para ser professor substituto de Anatomia, Identificação e Propriedades Mecânicas da Madeira, no Pará.
A pesquisa rendeu a publicação de um texto assinado por Bruno, seu orientador da Esalq e professores da Austrália em uma das maiores revistas científicas sobre tecnologia da madeira e processos inovadores, a European Journal of Wood and Wood Products.
O próximo edital do programa Bolsa Empreendedorismo deve abrir ainda no mês de março (acompanhe pelo site da Agência USP de Inovação). O tempo de estágio é de dois a seis meses.
Confira alguns números do programa: