
.
As cidades do mundo estão gerando mais de 1 bilhão de resíduos sólidos por ano, com previsão de atingir 2 bilhões em 2025. E segundo dados da Organização das Nações Unidas, 33% desses resíduos não recebem tratamento adequado. Esses dados foram levantados na pesquisa realizada por Adriana Fonseca Braga, sob a orientação da professora Helena Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Global e Sustentabilidade da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Elas são as convidadas do podcast Saúde É Pública, que está inaugurando a quarta temporada.
A partir do artigo Como São Francisco se tornou paradigma na gestão de resíduos sólidos urbanos, recém-publicado na Revista Tecnologia e Sociedade, as autoras abordam a questão dos resíduos sólidos e da reciclagem. O artigo faz um estudo de caso sobre o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de São Francisco (Califórnia, EUA), que possibilitou a ampliação das taxas de reciclagem, a diminuição dos desperdícios de recursos financeiros e a adequação da destinação final do lixo em geral.
No podcast, disponível neste link, Adriana e Helena comentam de que forma esse caso de sucesso pode inspirar a gestão dos resíduos em cidades como São Paulo, por exemplo. O episódio também traz, além de dados alarmantes, um apanhado sobre o descarte correto de alguns materiais que quase sempre suscitam dúvidas, como vidros quebrados, aparelhos eletrônicos, medicamentos, óleo de cozinha, plásticos, isopores e até areias higiênicas de animais domésticos.
Estudo de caso
A pesquisa traz em detalhes questões de gerenciamento, tecnologia, ambiente institucional e políticas públicas que permitiram à cidade de São Francisco atingir a taxa de 84% de reciclagem de resíduos sólidos urbanos desde 2014, tornando-se assim um modelo para o mundo. De acordo com o artigo, a alta taxa de reciclagem é resultado de uma série de políticas públicas implementadas há mais de 20 anos naquela municipalidade.
Entre as ações estão o não fornecimento de sacolas plásticas ao cliente por nenhum estabelecimento, a restrição da venda ou distribuição de água potável em garrafas plásticas de 620 milímetros ou menos, a proibição do uso de diversos tipos de isopor para embalagens de alimentos e o uso de materiais compostáveis ou recicláveis foram algumas das práticas adotadas que permitiram reduzir o uso desses resíduos.
Além disso, o sistema de separação, o reúso de materiais, tecnologias de reciclagem e de gerenciamento, além da legislação, engajamento da sociedade, continuidade de políticas públicas com objetivos claros, metas exequíveis e programas complementares conduziram ao sucesso do programa. O gerenciamento dos resíduos sólidos naquela cidade utiliza processos tecnológicos complementares, tecnologias sociais, obrigatoriedade de segregação dos resíduos sólidos na fonte geradora, constante fiscalização e motivação com veiculação de anúncios educativos, e continuidade de políticas públicas, de acordo com o texto.
Ouça a entrevista abaixo ou acompanhe o podcast Saúde É Pública, que está disponível em diversos aplicativos, incluindo Spotify e Youtube.
Acesse o estudo na íntegra clicando aqui.
.
*Com informações da Assessoria de Imprensa da FSP