Iniciativa na USP São Carlos auxilia alunos de física a entender melhor o curso e a carreira

Disciplina de direcionamento acadêmico no Instituto de Física de São Carlos da USP promove colóquios em que a física é abordada de forma mais prática e com experimentos

 Publicado: 22/07/2024
Alunos na disciplina de direcionamento acadêmico – Foto: Divulgação/IFSC USP

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Uma iniciativa no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP está buscando ajudar alunos do primeiro ano de graduação do curso de Física a entender como funciona a vida acadêmica no ensino superior. Chamada Direcionamento Acadêmico, a disciplina explica como funciona a Universidade, quais os benefícios de que os alunos podem usufruir e como está estruturado cada curso. Também orienta os jovens sobre as atividades acadêmicas e oferece mentoria para resolver dificuldades e propor estratégias de estudo que auxiliem no melhor aproveitamento e adaptação.

Entre as atividades da disciplina, a realização periódica de colóquios ministrados por professores do IFSC tem como objetivo apresentar as principais temáticas de cada área da Física. A ideia é que a participação nos colóquios, realizados no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas do IFSC, também ajude os estudantes do início do curso a conhecerem as várias possibilidades de carreira.

Luiz Nunes de Oliveira, professor do IFSC – Foto: Divulgação/IFSC USP

Neste ano, por iniciativa do professor Luiz Antônio de Oliveira Nunes, do IFSC, o formato desses colóquios foi alterado, já que os estudantes achavam que a abordagem anterior estava distante da realidade deles. “Ele teve a percepção de que os estudantes precisavam ter mais contato com a física experimental durante os colóquios. Foi a partir dessa noção que ele construiu, no início deste primeiro semestre de 2024, um novo modelo baseado na ideia de que, durante as apresentações orais dos professores, deveria haver algumas demonstrações experimentais, algo que fosse feito na frente dos estudantes e diretamente ligada à temática que estava em discussão”, explica Luiz Nunes de Oliveira, também professor do IFSC. “Foram realizados cinco colóquios com esse formato e foi um sucesso, já que os alunos gostaram muito. Eles gostam de ver coisas práticas e que dão um sentido mais concreto às explanações. E o professor fica obrigado a pensar no formato que se encaixe nesse novo modelo”, destaca.

O primeiro colóquio no novo formato, disponível neste link, foi realizado dia 22 de março e tratou do tema Física em São Carlos: Primeiras Décadas, com o professor Roberto Mendonça Faria. A apresentação partiu de uma publicação da revista Realidade, do ano de 1968, de uma matéria sobre físicos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), destacando sua contribuição inovadora à pesquisa científica no Brasil. Em menos de 15 anos, a EESC formou uma equipe de 12 jovens pesquisadores que revolucionaram o ensino e a pesquisa em física no País, atraindo pós-graduandos e pesquisadores internacionais.

Professores do Instituto de Física de São Carlos ministrando os colóquios: Roberto Mendonça Faria, Luiz Nunes de Oliveira, Glaucius Oliva e Reynaldo Daniel Pinto – Foto: Divulgação/IFSC USP

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No segundo colóquio, dia 19 de abril, chamado Galileu: Revolução no Pensamento Científico, disponível clicando aqui, o professor Luiz Nunes de Oliveira abordou como, no final do século 16, as escolas europeias ensinavam a filosofia de Aristóteles, até que, em 1589, Galileu Galilei começou a se afastar desse pensamento ao lecionar matemática na Universidade de Pisa, questionando suas premissas e estabelecendo as bases do método científico através da experimentação sistemática. O professor demonstrou, através dos experimentos do “pêndulo simples” e “plano inclinado”, que as premissas de Galileu estavam corretas.

Em outra apresentação, no dia 3 de maio, o professor Reynaldo Daniel Pinto falou sobre A Física da Neurociência: Do Potencial de Membrana às Interfaces Cérebro-Máquina,disponível neste link. Ele fez um breve histórico do desenvolvimento da neurociência e discutiu as principais ideias da neuroetologia, que procura estudar comportamentos naturais especializados e peculiares em diversos animais para compreender os circuitos nervosos envolvidos. A ideia foi mostrar mostrar que a aplicação da Física (básica, biomolecular e computacional) e a sua interação com outras áreas é fundamental na neurociência.

Motivação para as palestras

“Foi muito bacana esse colóquio, a tal ponto de eu ter vontade de procurar o professor para tirar mais dúvidas. Foi fantástica a apresentação dele”, disse Ana Carolina da Cruz, que cursa o Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares, sobre a palestra sobre física e neurociência. Felipe Miranda, aluno do curso de Bacharelado em Física, também aprovou o novo formato: “Um colóquio bem explicativo, que vai ao encontro do meu curso”, opinião que é compartilhada pela aluna Kamile Coelho, também do curso de Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares.

Ana Carolina, Felipe, Kamile, Lucas, Manuela e Samyra: alunos de física que participaram dos colóquios – Foto: Divulgação/IFSC USP

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Outros estudantes também aprovaram os colóquios: “Muito dinamismo, com demonstrações incríveis. Prefiro este modelo pois é muito mais interativo e dá para entender melhor o contexto”, disse Lucas Vinicius, aluno do curso do Bacharelado em Física Computacional. Manuela de Oliveira, do curso de Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares confessa que a nanociência é a área que mais lhe interessa: “O colóquio sobre nanociência foi o que mais me prendeu a atenção, até pela interação que o professor fez conosco. Foi fantástico e me faz antecipar a vontade de seguir essa área para o meu mestrado e doutorado, já que tenho intenção de continuar aqui”, pontua a estudante. Para Samyra Lourdes, aluna do curso de Bacharelado em Física, o colóquio “foi muito bom e está na direção certa do curso”.

Os colóquios continuaram com a apresentação de mais dois temas. Em Os Raios X e o DNA, disponível clicando aqui, o professor Glaucius Oliva chamou a atenção dos alunos para entender os objetivos centrais das ciências em geral, e da física em particular. Ele ressaltou a importância dos raios-X na determinação da estrutura molecular e explicou como os padrões de difração de raios-X do DNA, capturados por Rosalind Franklin, foram cruciais para descobrir a dupla hélice do DNA, reproduzindo esse fenômeno com experimentos ópticos simples durante a palestra.

“Foi um colóquio bem formativo e adoro quando a experimentação acompanha o discurso. Apesar de gostar muito de palestras meramente teóricas, o fato de estarem incluídos experimentos é de fato muito bom”, disse o estudante Pedro Suzuki, aluno do curso de Bacharelado em Física que participou do evento. Para João Pedro Fernandes, aluno do curso de Física Computacional, “a temática e a sessão de experimentação fizeram aprender muito”.

Luiz Antônio de Oliveira Nunes, professor do IFSC – Foto: Divulgação/IFSC USP

O último colóquio do primeiro semestre, Utilização da Plataforma Arduino no Ensino de Física, disponível neste link, foi conduzido pelo professor Luiz Antônio de Oliveira Nunes, que apresentou algumas aplicações da Plataforma Arduino, desenvolvida na Itália em 2005, na execução de experimentos realizados nos cursos de Laboratório de Física I e II. “O Arduino é muito amplo, dá para fazer muita coisa e é muito versátil, principalmente para os experimentos”, disse o aluno Sidney Rodrigues. Já Letícia Takashi, aluna do curso de Bacharelado em Física Computacional, afirmou que achou muito legal todos os colóquios, bem como a integração que houve com os experimentos relativos aos temas.

Idealizador do novo formato, Oliveira Nunes acredita que os alunos entenderam, participaram, colocaram dúvidas e saíram felizes dos eventos. “É um modelo que tem de ser seguido, pois os temas abordados estão ligados diretamente ao que os alunos estão estudando, ou já estudaram: coisas que eles entendam. Eu acho que este modelo é importante para motivar os  alunos iniciantes, porque, queiramos ou não, eles sentem-se meio perdidos no início de suas carreiras no ensino superior”, conclui.

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Texto adaptado de Rui Sintra e Adão Geraldo, da Assessoria de Comunicação do IFSC USP


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