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Evento debate novos indicadores das universidades frente à pandemia
A terceira edição do Fórum Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais terá transmissão pela internet de 15 a 18 de junho
10/06/2020
Métricas e indicadores de desempenho no ensino superior já se consolidaram como pontos importantes no planejamento de gestão das principais universidades brasileiras. No entanto, as crises surgidas em 2020 trazem novos elementos para essa área e tornam urgente renovar os debates. Como articular parcerias para revisitar as métricas em uso e conceber novos indicadores, em especial os relativos ao impacto econômico, social e ambiental, frente à pandemia?
Essa é uma das questões que estarão presentes no III Fórum Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais, que acontece on-line, de 15 a 18 de junho, com transmissão pela internet pelo aplicativo Zoom (confira a programação abaixo). O evento é gratuito e para participar é necessário fazer a inscrição para cada módulo pelo formulário neste link, com participação limitada a 100 pessoas. Para quem não quiser se inscrever, é possível acompanhar as discussões pelo canal do YouTube.
O evento, que tem como mote “o novo protagonismo da Ciência”, vai reunir os reitores de seis universidades públicas paulistas para discutir o papel da universidade no primeiro ano da pós-pandemia e as lições da covid-19 para o ensino superior e para a pesquisa. O debate também inclui as estratégias de comunicação das universidades frente a crise, a transição do ensino presencial para o digital e a questão das métricas com relação ao distanciamento social. Para discutir a ciência como força capaz de vencer a covid-19, o fórum também recebe dirigentes da Fundação de Amparo ao Estado de São Paulo (Fapesp) e o secretário de ciência e tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, entre outros representantes de universidades.
O fórum é promovido pelo projeto Métricas, desenvolvido pelas três universidades públicas paulistas e apoio da Fapesp, com o objetivo de tornar mais acessível o conhecimento público sobre metodologia e métricas; apresentar processos de monitoramento e internalização dos indicadores; fomentar uma política pública sobre indicadores de desempenho; e aprimorar a governança das instituições.
Liderado por Jacques Marcovitch, professor sênior da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP e integrante do conselho do Graduate Institute (IHEID), em Genebra, o projeto Métricas já lançou dois livros com conteúdos orientadores sobre o tema, além oferecer um curso de atualização. Marcovitch, que foi reitor da Universidade no período de 1997 a 2001, conversou com o Jornal da USP sobre a questão do desempenho acadêmico no contexto de pandemia, também destacou os avanços das universidades públicas paulistas às exigências de monitorar, analisar e difundir indicadores de desempenho, além de apontar horizontes para que as universidades de pesquisa mantenham a visibilidade pós-pandemia. Confira abaixo.
Confira abaixo a entrevista com Jacques Marcovitch
III Fórum Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais
14h00 às 15h30
As crises de 2020 e a nova era em construção
O papel da universidade no primeiro ano pós-pandemia e na construção de um novo tempo mais atento às demandas sociais. Quais são as lições do Covid-19 para o ensino superior e a pesquisa universitária?
Vahan Agopyan (USP)
Marcelo Knobel (Unicamp)
Sandro Valentini (Unesp)
Soraya Smaili (Unifesp)
Dácio Matheus (UFABC)
Wanda Aparecida Machado Hoffmann (UFSCar)
08h30 às 10h00
As áreas do conhecimento e suas métricas frente ao distanciamento social
Disciplinas distintas podem e devem aferir o seu desempenho acadêmico usando processos quantitativos e qualitativos. Qual é o impacto do distanciamento social nestas áreas?
João Carlos Salles da Silva (UFBa)
Edson Cezar Wendland (USP)
Solange Maria dos Santos (Scielo)
14h00 às 15h30
A comunicação social das universidades
As estratégias para informar a sociedade frente ao Covid-19 e no Pós-pandemia. O que a sociedade espera da universidade na nova era em construção?
Luiz Roberto Serrano (USP)
Peter Alexander Schultz (Unicamp)
Walter Lima (Unifesp)
Sabine Righetti (Agência Bori)
08h30 às 10h00
A transição do presencial para o digital frente à crise sanitária
Como viabilizar a acessibilidade digital nas universidades? Como assegurar a qualidade do ensino remoto e síncrono? Como harmonizar a heterogeneidade entre as áreas de conhecimento?
Juliana Garcia Cespedes (Unifesp)
Marisa Masumi Beppu (Unicamp)
Luiz Nunes de Oliveira (USP)
Renato Hyuda L. Pedrosa (Fapesp)
14h00 às 15h30
A gestão dos indicadores na universidade: depoimentos
Instrumentos digitais em atividades docentes, monitoramento dos rankings, medição da produção científica e do impacto social pós-Covid 19. Qual é o impacto das crises 2020 sobre as métricas de desempenho acadêmico e as comparações internacionais?
Aluísio Augusto C. Segurado (USP)
Teresa Dib Z. Atvars (Unicamp)
Cleópatra Planeta (Unesp)
Lidiana Cristina da Silva (Unifesp)
08h30 às 10h00
O novo protagonismo da Ciência
Em 2020, a ciência inspirou as grandes decisões e tornou-se a única força capaz de vencer o Covid-19, mesmo sem vacina ou medicação específica. Como garantir a inserção social da Ciência no futuro? Como melhor responder aos anseios da sociedade?
Marco Antonio Zago (Fapesp)
Patricia Ellen da Silva (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de SP)
Luiz da Cunha Lamb, (Secretario de I, C &T do Estado do RS e UFRGS)
Luiz Eugenio Mello (Unifesp/Fapesp)
Elizabeth Balbachevsky (USP)
Carlos H. Brito Cruz (Unicamp)
10h00 às 10h30
Síntese, conclusões e recomendações do III Fórum
Qual a importância de abordar a questão do desempenho acadêmico num contexto de pandemia?
Jacques Marcovitch – No atual contexto as universidades vêm mobilizando suas competências para responder à urgente demanda da sociedade. Frente às crises sanitária, econômica e social todas as áreas de conhecimento contribuem no diagnóstico das causas e mitigação dos efeitos. Durante a pandemia o desempenho ganha maior visibilidade em suas atividades-fim. No ensino transparece uma pronta capacidade em ministrá-lo virtualmente, garantindo a mais completa inclusão social de seus alunos. Na pesquisa realça-se a exposição de novos conhecimentos em Ciências Exatas, Biológicas e Humanas voltadas para a solução de problemas que emanam da turbulência. Em períodos de normalidade, além da pesquisa e do ensino, a extensão responde aos anseios sociais com iniciativas igualmente ancoradas nas fronteiras do conhecimento. E, na Cultura, o apoio às Artes no espaço acadêmico e à disseminação dos valores inscritos em nosso Código de Ética e na Carta Universal dos Direitos Humanos.
O livro “Repensar a Universidade” trata da adequação das universidades públicas paulistas às exigências de monitorar, analisar e difundir indicadores de desempenho. O que avançamos com relação a isso?
Nesta obra coletiva, em dois volumes, as universidades públicas paulistas registram iniciativas integradas por pesquisadores dedicados à concepção, estruturação e implantação de métricas relativas ao desempenho acadêmico. Discute-se ampla gama de parâmetros visando a autoavaliação dos departamentos, o aprimoramento institucional e a prestação de contas à sociedade. Cumpre destacar que a obra é a síntese conceitual de um projeto inspirado pelo Conselho de Reitores das três instituições paulistas e com o decisivo acolhimento pela Fapesp. Uma iniciativa inédita de cooperação entre universidades que totalizam 34% da produção científica em nosso país. É preciso sempre lembrar, no entanto, que indicadores são meios para fazer de uma universidade um lugar de curadoria dos saberes e de avanço da ciência, onde jovens de todas as gerações encontram, na diversidade dos tempos e na diversidade das áreas do conhecimento, os meios para construir um mundo melhor.
Os indicadores e rankings internacionais não contabilizam as atividades de extensão (como os serviços de saúde e cultura) que são importantes na atuação das universidades públicas paulistas. Como lidar com essa questão?
Por meio de serviços de saúde mobilizados para enfrentar a pandemia são transmitidos o saber científico, a inovação tecnológica e os valores inspiradores da vida acadêmica. Neste sentido, a extensão é uma via para a universidade transferir ao conjunto social o que ela tem de mais consolidado, em termos de ensino e pesquisa. A extensão é, portanto, um meio de transmissão de cultura, entendida esta em seus múltiplos sentidos. A extensão confere mais peso aos indicadores que reforçam os elos pesquisa, ensino, extensão e cultura. Há comparações internacionais que avaliam expressamente o impacto social que cada universidade tem de fato na sociedade. Não bastasse esta presença explícita da extensão como uma das métricas da reputação acadêmica, importa dizer que, no caso da ausência, esta lacuna prejudica a todas, e não exclusivamente as universidades estaduais paulistas.
Dentro deste contexto que estamos abordando, o que podemos destacar de mudança na gestão das universidades nos últimos anos?
Nos últimos anos, a USP implantou um escritório para a gestão de indicadores (EGIDA) e promove mudanças nos sistemas tecnológicos de captação e disseminação de dados, modernizando-os para colocá-los em linha com os padrões globais. A Unicamp está empreendendo reformas ambiciosas de suas estruturas internas para apresentar melhores dados que alimentem diretamente o planejamento estratégico, e a Unesp implementa um plano de longo prazo e já formou uma comissão multidisciplinar especial para interação do desempenho acadêmico e as tendências evidenciadas pelos rankings.
Para viabilizar esta mudança, as universidades têm mobilizado docentes e pesquisadores sensíveis à importância do autoconhecimento institucional para a sua contínua evolução. Esta mobilização nas áreas do saber verifica-se paralelamente a uma outra, focada nas atividades-fim da universidade e articulada pelas pró-reitorias: ensino de graduação e de pós-graduação, pesquisa, extensão e cultura. As mudanças na gestão das universidades têm contribuído para aperfeiçoar a interação com agências financiadoras e iniciativas dedicadas às comparações nacionais e internacionais. Cada área-fim da universidade, em maior ou menor grau, tem também desenvolvido sua capacidade de acompanhamento institucional.
Neste momento, em que as universidades de pesquisa estão sendo valorizadas, como manter a visibilidade depois que a crise passar?
A visibilidade de uma universidade decorre da qualidade do seu ensino, da relevância de suas pesquisas básicas e aplicadas, dos seus projetos de extensão e das suas iniciativas na esfera cultural. São as atividades realizadas ao longo de décadas, as quais, frente a uma crise respondem prontamente aos anseios gerais. Além da reconhecida contribuição na área da Saúde, ganham visibilidade as áreas que promovem o avanço digital, fator decisivo para a superação das crises em curso. Para manter a visibilidade além da crise sanitária, merecem apoio os esforços de pesquisadores que valorizam as iniciativas de interação com as redes nacionais e internacionais de pesquisa. É necessário consolidar plataformas digitais das universidades que viabilizam a cooperação com todos os segmentos da sociedade e e com outras instituições nas redes internacionais. Em paralelo, será oportuno monitorar os indicadores de resultados de pesquisas e seu impacto. Torna-se prioritário assegurar a correta atribuição institucional das publicações de pesquisa com ORCID, inclusive nos preprints e procedimentos. Finalmente, contribuirá para a visibilidade institucional permanente uma estratégia eficaz de comunicação relativa às contribuições, resultados e impactos em português e outros idiomas como o espanhol, francês e inglês.
III Fórum Desempenho Acadêmico e Comparações Internacionais
Inscrições pelo site: https://metricas.usp.br/iii-forum
Informações pelo portal https://metricas.usp.br/ e pelo e-mail: metricas.edu@usp.br
Transmissão: Canal do Projeto Metricas.edu no YouTube