Na coluna desta semana, o professor Octávio Pontes avalia se existe associação entre o uso de celulares e risco de câncer no cérebro. Pontes conta que, até recentemente, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer classificava a radiação usada por celulares como “possivelmente cancerígena”, baseada em dados limitados disponíveis na época da última avaliação, em 2011. Desde então, temos uma quantidade significativa de novos dados. Em particular, foi recentemente publicada uma revisão que avaliou 63 estudos realizados entre 1994 e 2022, é bastante abrangente e foi conduzida por especialistas de dez países diferentes. Segundo Pontes o que chama atenção é que, apesar do aumento exponencial no uso da tecnologia sem fio, não houve um aumento correspondente na incidência de cânceres cerebrais. Mesmo para pessoas que fazem longas chamadas ou que utilizam celulares há mais de uma década, os dados não mostraram um risco elevado. Isso é consistente com o que outros estudos já vinham indicando e a OMS reafirma que, até o momento, não há evidências conclusivas de que a radiação dos celulares cause danos à saúde.
A revisão abordou uma ampla gama de cânceres, incluindo os do cérebro em adultos e crianças, assim como cânceres da glândula pituitária, glândulas salivares e leucemia em relação ao uso de celulares, estações base e transmissores, além de exposições ocupacionais. Nenhuma dessas categorias apresentou um risco aumentado significativo. Outros tipos de câncer, que não foram abordados nesta análise, serão relatados separadamente. Até o momento, os dados indicam que não há motivos específicos de preocupação em relação ao uso de celulares e o desenvolvimento de câncer, mas a pesquisa contínua é importante para garantir que essa conclusão se mantenha.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.