O curso de Engenharia da Computação da Escola Politécnica foi consolidado e surgiu por conta da construção do Patinho Feio - Foto: Kenji/AE

Patinho Feio, primeiro computador construído pela Escola Politécnica, completa 50 anos

Iniciativa dos estudantes do então Departamento de Engenharia Elétrica deixou legado importante para o instituto, para pesquisas atuais e para o desenvolvimento de novas tecnologias nacionais

 20/09/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 21/09/2022 às 21:46

Texto: Redação

Arte: Rebeca Fonseca

Logo da Rádio USP

O primeiro computador desenvolvido pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o Patinho Feio, completa 50 anos. Desenvolvido em 1972 pelo Laboratório de Sistemas Digitais do Departamento de Engenharia Elétrica, a ideia de sua construção surgiu em uma disciplina da pós-graduação em Engenharia Elétrica, que na época englobava também a computação. O professor do Departamento de Engenharia de Telecomunicações da Escola Politécnica, José Roberto Castilho Piqueira, ressalta que o importante é lembrar que o surgimento do computador está ligado à disposição de alunos do curso da Engenharia em construí-lo: “Era um grupo muito coeso de gente jovem e voltada para o trabalho em equipe”. 

Hoje existe a tendência à miniaturização, na qual os componentes dos computadores são todos produzidos em larga escala. Antes, porém, não existiam circuitos integrados e a memória estado sólido – conjunto de circuitos integrados que armazenam dados –, elementos essenciais para o bom e rápido funcionamento dos computadores. Os microprocessadores, conta o professor, apareceram no início da década de 70 e revolucionaram as operações, deixando-as mais rápidas. “A construção foi muito importante para o desenvolvimento tecnológico, tanto das pessoas que estavam trabalhando naquilo como na geração de spin-offs: pessoas que foram saindo, formando outras e trabalhando dentro dessa área da eletrônica e das telecomunicações”, ressalta o professor.  

A iniciativa dos alunos daquela época acabou deixando um importante legado à Escola Politécnica e ao desenvolvimento de atuais pesquisas e tecnologias. O primeiro computador construído foi a semente para outro, o Computador G-10. Impulsionado pela Marinha de Guerra, que precisava da tecnologia para o programa de nacionalização de eletrônica de bordo, o Computador G-10 acabou se tornando o ponto de partida para o desenvolvimento do primeiro computador comercial brasileiro. 

O curso de Engenharia da Computação da Escola Politécnica foi consolidado e surgiu por conta da construção do Patinho Feio. Além disso, “é importante também perceber que tem outro spin-off desse grupo, que é o Departamento de Engenharia Mecatrônica e a Engenharia Mecatrônica Robótica, que também é um grupo bastante forte da Escola Politécnica. Ele nasceu dentro do grupo de engenharia de computação e depois se desenvolveu”, lembra Piqueira.

José Roberto Castilho Piqueira – Foto: IEA/USP

O legado persiste

Atualmente, não só a Escola Politécnica faz pesquisas nessa área, como várias outras instituições. Dentro do Departamento de Engenharia da Computação existem vários projetos de inteligência artificial e aprendizado de máquina, além do aprendizado sobre computação quântica – fundamentado na teoria da mecânica quântica e que é usado para melhorar a rapidez e outros sistemas de computação. 

Foto: Jorge Maruta/Jornal da USP

Pato desenhado com a letra "x" no computador - Foto: Jorge Maruta/Jornal da USP

A iniciativa dos alunos daquela época acabou deixando um importante legado à Escola Politécnica e ao desenvolvimento de atuais pesquisas e tecnologias - Foto: Reprodução

A geração de alunos participantes desse projeto é hoje responsável por importantes startups e deixou um legado fundamental para o ensino e a pesquisa. “O legado é fundamental para o ensino e é fundamental para a pesquisa e a engenharia da computação feitas na Poli”, ressalta o professor.

Um debate será feito esta semana, dia 22, às 9h30, na Escola Politécnica e terá a participação do reitor. Serão homenageados engenheiros, professores e alunos que participaram da criação desse computador e que revolucionaram a computação em nível nacional. Clique aqui para se inscrever.

Para saber mais sobre o computador Patinho Feio, clique aqui.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.