Através do desenvolvimento de modelos matemáticos, a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Vanzolini buscaram viabilizar a importação de fertilizantes no Porto de Santos, com os objetivos de superar desafios logísticos, aumentar a oferta e facilitar o escoamento desses produtos. Nesse sentido, Daniel Mota, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli) da USP e pesquisador da Fundação Vanzolini, comenta o projeto.
Sendo uma das maiores operações na América do Sul, como explica o especialista, o Porto de Santos é responsável por uma quantidade significativa das cargas que o Brasil consome. Dessa forma, ele explica que houve uma tentativa de aproveitar a infraestrutura já existente no porto para trazer de volta a operação de fertilizantes.
“É um ponto interessante, porque é o que a gente chama de uma carga de retorno: o Brasil importa fertilizante para abastecer todo o nosso agro, para depois exportar naquilo que a gente é forte, então o período em que a operação de fertilizante acontece é muito interessante, porque é um período entressafra. Não que a atividade portuária seja mais tranquila por conta disso, mas é um aproveitamento tanto de uma janela temporal quanto de uma infraestrutura que já estava em Santos”, complementa.
Desenvolvimento do projeto
Mota afirma que, por meio de observações, entrevistas e análises da operação portuária, os desenvolvedores replicam, na tela do computador, o que acontece na vida real, através de modelos matemáticos — usando muitas estatísticas e probabilidades. “Quando você coloca tudo isso junto, você consegue ter uma visão do porto, dos sistemas, no nosso caso dessa operação de fertilizante, e a gente consegue identificar coisas que isoladamente não dá para ver. Por exemplo, se chega muito caminhão, do ponto de vista de recebimento de materiais é excelente, mas, por outro lado, eu não tenho os recursos necessários para operar esse caminhão e aí eu vou gerar filas, então todos os nossos estudos aqui são baseados na teoria de filas, a gente pega esses comportamentos padrões e os coloca para funcionarem juntos”, explica.
“Hoje em dia essa técnica acabou tendo um nome que as pessoas estão conhecendo mais, que é simulação, ou então gêmeo digital, aí a gente pode fazer ganchos disso com indústria 4.0, automação e por aí vai. Então, o nosso laboratório desenvolve modelos de maquetes virtuais e a gente replica o comportamento do sistema em modelos matemáticos, em equações e contas”, adiciona.
O professor explica que o foco do projeto está na operação e, por isso, não possui uma análise mercadológica, mas entende que a tendência é que a carga nas operações de fertilizantes aumente. “O fato de ter mais um ponto de oferecimento de fertilizantes no Brasil em um porto que já é muito eficiente e operacional, como o porto de Santos, sem dúvidas vai atrair novos compradores e interesses. Felizmente, o aumento da operação de Santos não necessariamente implica na redução da operação em outros lugares, e sim no aumento da oferta como um todo, então a gente acredita que, sendo mais uma porta de entrada para o Brasil, isso só tende a fazer crescer a nossa economia”, finaliza.
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