No dia 16 de março foi anunciado, nos Estados Unidos, o primeiro xenotransplante de rim de um suíno para um paciente de 62 anos, no Massachusetts General Hospital, em Boston. A novidade, desta vez, é que o procedimento foi feito em um paciente vivo, chamado Richard Slayman, de 62 anos. Ele estava em uma fase terminal de falência renal e, após autorização do FDA, que é a agência regulatória dos Estados Unidos e da anuência de Slayman, o transplante foi realizado. O homem já havia recebido um rim humano, mas o órgão parou de funcionar. No dia 3 de abril, ele voltou para casa.
Outros três transplantes de rins para seres humanos foram realizados anteriormente, mas em receptores com morte cerebral. No último caso, o paciente foi mantido em coma por dois meses e o rim funcionou normalmente durante esses 60 dias.
“A vantagem do [transplante de] rim é que, se houver uma rejeição do órgão transplantado, ele pode ser retirado facilmente e o paciente volta para hemodiálise. Portanto, não se arrisca a vida do receptor”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP.
Mayana aproveitou a oportunidade para contar que, no dia 23 de abril, ela e sua equipe vão inaugurar na USP a primeira pig facility do Brasil, ou seja, um biotério de alta complexidade para criação de suínos geneticamente modificados. “Em resumo, estamos aprendendo muito com os experimentos feitos nos Estados Unidos e estamos otimistas que logo o xenotransplante se tornará uma realidade no mundo e também entre nós”.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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