Estudo mostra que escolaridade já não se traduz em aumento salarial

Luciano Nakabashi comenta dissertação de mestrado que buscou investigar a relação entre escolaridade e aumento de salários no período entre 2002 e 2015

 Publicado: 10/07/2024     Atualizado: 25/07/2024 as 9:40

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Luciano Nakabashi comenta em sua coluna de hoje (04) a respeito da dissertação de mestrado de Giovanni Paz, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP em Ribeirão Preto, cujo tema é a queda do retorno da escolaridade e sua relação com o salário no período compreendido entre 2002 e 2015, a partir de dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE. O estudo mostra que cada de escolaridade está tendo um efeito menor sobre o aumento salarial, e isso em todos os setores da economia e em  todos os estados do País. “Então, cada ano de escolaridade tem trazido um efeito cada vez menor sobre o salário das pessoas, isso acaba sendo ruim, porque as pessoas estudam pelo aumento salarial e um retorno menor acaba desestimulando  o estudo por parte das pessoas”.

Segundo o colunista, isso ocorre por uma conjunção de fatores, mas o estudo não chegou a precisar quais são, embora seja possível, a partir dos dados obtidos, levantar algumas possibilidades, como a questão da queda da qualidade do ensino. Outro fator pode estar ligado ao excesso de pessoas formadas, mas sem o devido aumento da demanda, o que acaba por reduzir o salário daquela profissão específica. Uma terceira hipótese é o de as pessoas estarem preenchendo colocações não adequadas à sua qualificação. “Tem que pensar até que ponto a gente precisa de pessoas com ensino superior, um contraponto do ensino superior é o ensino técnico, acho que a gente tem ido um pouco nessa direção, nem todo mundo precisa ter ensino superior”, diz o colunista.

“A gente tem de pensar na questão da qualidade, como que a gente melhora o ensino, acho que tem vários casos de sucesso, inclusive no Brasil, de municípios ou regiões que conseguiram melhorar o desempenho dos alunos. A gente tem que seguir essa questão da melhora com incentivo para os professores , incentivo para as escolas, reconhecimento, pegar ou selecionar diretores de escola de acordo com qualificação e não de acordo com indicação política”. Outro ponto que ele considera importante é tentar aumentar o capital emocional das crianças que estão iniciando sua atividade escolar, dando suporte para as famílias e cursos que melhorem sua resiliência. “A gente tem que investir não em termos monetários, mas naquelas ações que tragam mais resultados para o aprendizado da criança, e com isso ela vai conseguir ter um salário maior quando tiver no mercado de trabalho”, acrescenta.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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