“Domingo no Golpe” retrata a fragilidade da noção de espaço público

A fala de Giselle Beiguelman remete ao documentário que dirigiu a quatro mãos com Lucas Bambozzi e cuja estreia está prevista para o primeiro dia de abril

 25/03/2024 - Publicado há 8 meses

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No próximo dia 1º de abril, às 19h, no Centro Universitário Maria Antonia, será lançado o documentário Domingo no Golpe, dirigido pela professora Giselle Beiguelman e pelo multiartista, curador e doutor pela Faculdade de Arquitetura da USP, Lucas Bambozzi. Como está implícito no título, o tema é o ataque golpista de 8 de janeiro de 2023. De acordo com Giselle, o filme é inteiramente produzido com as imagens – disponibilizadas à imprensa pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) por ordem do Supremo Tribunal Federal – das câmeras de segurança do Palácio do Planalto e “foca um 8 de janeiro que não começou há um ano e ainda não terminou”. Todo esse material em vídeo totaliza 800 horas, captadas por 33 câmeras de segurança ao longo de 24 horas.
“As imagens são emblemáticas de algumas peculiaridades da cultura da memória na atualidade. Entre elas, destaco a superprodução de registros que são criados para serem esquecidos, esses que nós produzimos para as redes sociais, ou para serem apagados, como é o caso dos vídeos gerados por câmeras de vigilância, o nosso foco aqui. No contexto do 8 de janeiro brasileiro, no entanto, esses registros ganharam estatuto de documento e de prova criminal. Afinal, são essas imagens produzidas para não serem vistas nem guardadas, a única documentação oficial sobre o acontecimento.”
“Porém”, conclui a colunista, “talvez o mais importante e dramático fato ou tema que Domingo no Golpe retrata é a fragilidade da noção de espaço público, da noção de bem comum. A agressividade da turba golpista em relação ao patrimônio público e suas instituições é estarrecedora. Esses são pilares da democracia e problematizar essas imagens, no contexto dos debates sobre os 60 anos do golpe de 1964, em um espaço tão importante para essa reflexão como o Centro Universitário Maria Antonia, onde nós lançamos o documentário dia 1º, nos mostra que é preciso tomar as datas não como atos celebratórios, mas como estratégias para lembrar de nunca esquecer”.

Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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