Desenvolvimento econômico não tem relação direta com desempenho educacional em regiões de SP

Essa foi a conclusão do Boletim Educação, elaborado pelo grupo de pesquisa do professor Luciano Nakabashi, em parceria com o Programa USP Municípios, com dados sobre o desempenho escolar no Estado de São Paulo entre 2007 e 2017

 03/02/2021 - Publicado há 4 anos

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Na coluna Reflexão Econômica desta semana, o professor Luciano Nakabashi traz os resultados do Boletim Educação, elaborado pelo seu  grupo de pesquisa, em parceria com o Programa USP Municípios, que tem dados sobre o desempenho escolar entre 2007 e 2017 no Estado de São Paulo.

Segundo o professor, os resultados mostram uma diversidade nas provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que envolvem conhecimentos de português e matemática. Foram analisados o quinto e o nono ano do ensino fundamental e o terceiro ano do ensino médio. “O que percebemos é que existe uma distribuição espacial no Estado, municípios com desempenho fraco no extremo leste, localidades do Vale do Paraíba e de toda a região do litoral, mas também municípios das regiões sul e central, e ainda do oeste, e vários municípios da região norte, incluindo Ribeirão Preto.”

Por outro lado, diz o professor, existem municípios agrupados nas regiões de cidades como Andradina, Araçatuba, Campinas, Catanduva, Jales, Fernandópolis e Dracena que têm bom desempenho no quinto ano do fundamental, o que tende a se repetir no nono ano do fundamental e no terceiro do ensino médio. “Não é uma correlação igual a um, mas é forte.”

Nakabashi lembra que o Estado de São Paulo, apesar de ser rico, não teve um desempenho muito melhor do que o restante do País. “Pelo nível de desenvolvimento econômico, esperávamos um desempenho melhor nos diferentes níveis de ensino.”

O professor diz que não foram analisadas as causas, mas percebe-se que não existe uma correlação com o nível de desenvolvimento quando se compara o Estado de São Paulo com o restante do Brasil, ou mesmo com o nível de desenvolvimento do município ou da região de governo. “Temos regiões ricas com desempenho fraco, como Ribeirão Preto e a cidade de São Paulo, por exemplo. E mesmo regiões com bons indicadores em vários sentidos não têm bom desempenho escolar, como é o caso de São Carlos, Rio Claro e Bauru.”

Nakabashi afirma que a riqueza gerada nessas regiões não tem se transformado, em muitos casos, em bom desempenho educacional. Nesse sentido, dá como bom exemplo o Estado do Ceará, que tem conseguido sucesso na melhora do desempenho de seus alunos, dentro de uma das regiões mais pobres do País. “É um Estado com desempenho semelhante a municípios das regiões do Sul e do Sudeste do País e de longe o melhor desempenho quando comparado a municípios do Norte e Nordeste.”

Para o professor, um elemento que ajuda a entender esse bom desempenho dos municípios do Ceará foi a redistribuição da verba do Estado para os municípios, premiando aqueles que tivessem bom desempenho nessas provas. “Esses municípios começaram a tomar medidas, como colocar em cargos estratégicos, como diretores e até secretários municipais de educação, profissionais escolhidos a partir de critérios técnicos, pessoas com capacidade e conhecimento para implementar boas políticas educacionais.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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