Na semana passada, o presidente Lula foi internado e submetido a procedimentos cirúrgicos na cabeça por causa de um hematoma subdural. O que é um hematoma subdural? O hematoma subdural é um acúmulo de sangue localizado entre a dura-máter, que é a camada mais externa das membranas meninges que envolvem o cérebro, e o cérebro propriamente dito. Ele ocorre principalmente devido à ruptura de pequenos vasos sanguíneos no espaço subdural, geralmente como consequência de um trauma craniano. Existem diferentes tipos de hematomas subdurais, classificados em agudos, subagudos e crônicos, dependendo do tempo de evolução. Enquanto os agudos aparecem rapidamente após um trauma severo, os crônicos podem se desenvolver ao longo de semanas ou meses, especialmente em idosos ou pacientes em uso de anticoagulantes.
Os sintomas neurológicos decorrem da compressão do cérebro pelo hematoma e aumento da pressão dentro da cabeça e podem variar dependendo do tamanho e da localização do hematoma, mas podem incluir: dor de cabeça persistente, náuseas e vômitos, alteração do nível de consciência (sonolência ou coma), fraqueza em um lado do corpo, convulsões, alterações visuais, da fala ou do comportamento.
O tratamento depende da gravidade do hematoma, do tamanho, da velocidade de progressão e dos sintomas apresentados pelo paciente. Em casos mais leves, pode ser indicado apenas o acompanhamento clínico e radiológico. Já para hematomas maiores, ou que causam compressão cerebral significativa, a cirurgia é a abordagem padrão, sendo feita por meio de uma trepanação ou craniotomia para drenar o sangue acumulado. Mais recentemente, a embolização da artéria meníngea média tem surgido como uma alternativa promissora, especialmente em casos de hematomas crônicos ou recorrentes. Esse procedimento endovascular visa a interromper o suprimento sanguíneo para as membranas envolvidas no hematoma, reduzindo sua progressão e a chance de recidiva. A escolha do tratamento deve ser individualizada, considerando os riscos e benefícios para cada paciente. Um estudo recente publicado no New England Journal of Medicine avaliou o impacto da embolização da artéria meníngea média como tratamento complementar à cirurgia em comparação com a cirurgia isolada. Os resultados mostraram que a combinação das duas abordagens reduziu significativamente o risco de recorrência ou necessidade de reoperação em até 90 dias, com uma taxa relativa de reoperação 64% menor no grupo tratado com embolização.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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