Com a ajuda de empresas, missão espacial volta à Lua 50 anos depois

Para Glauco Arbix, se o governo americano aceitar a colaboração de empresas como uma nova maneira de redescobrir a Lua e render frutos semelhante àqueles que o programa Apolo ofereceu para a ciência, já terá valido a pena

 27/02/2024 - Publicado há 5 meses
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Mais de cinco décadas depois, a Lua volta a despertar o interesse de cientistas e pesquisadores. Nesta sua coluna, Glauco Arbix trata da espaçonave Odysseus, construída por uma empresa de Houston, no Texas, a qual vai entrar na história como a primeira sonda lunar dos Estados Unidos a pousar naquele satélite desde 1972, façanha registrada na última quinta-feira (22). “Goste a gente ou não, é certo que o voo da Odysseus  vai dar enorme impulso a empresas que olham para o espaço”, constata o colunista. “Com esse programa chamado Artemis, a NASA quer usar voos semelhantes a esse para testar novas tecnologias, novos materiais e combustíveis. Os planos da agência preveem o envio de astronautas ao polo sul da Lua, onde há suspeita da presença de água, na forma de gelo. Viabilizaria uma base da Terra lá na Lua”.

Arbix acrescenta que esse programa, ao custo de US$ 3 bilhões, tem a perspectiva de lançar uma frota de espaçonaves robóticas do setor privado para transportar experimentos científicos, e mesmo carga, para a Lua. A pretensão do governo americano era não tornar a agência dependente do setor privado, mas a perspectiva de diminuição de custos pesou fortemente. “No caso da Odysseus, o governo pagou para a empresa privada apenas 120 milhões de dólares, o que é uma fração muito pequena do custo real de uma missão interplanetária típica da Nasa. Enfrentar corte de orçamento é pesado, basta ver como a gente aqui no Brasil sofre com isso”. Segundo o colunista, o fato de a Nasa não ser responsável diretamente por esse tipo de missão, nem mesmo pelos foguetes, é uma oportunidade para abrir caminho para capacitar toda uma geração de empresas para dar conta do espaço.

“E a pesquisa? Bem, do ponto de vista científico, a cooperação público-privada permite que a NASA concentre seus esforços nas áreas científicas mais básicas, são as mais difíceis e desafiadoras. Esses argumentos convenceram o governo americano a aceitar a colaboração com as empresas, mesmo que algumas missões venham a falhar. Se essa maneira nova de redescobrir a Lua render frutos semelhantes àqueles que o programa Apolo ofereceu para a ciência, eu acredito que terá valido a pena”.


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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