Cidades como cenário de possíveis futuros, sombrios ou não

A tragédia climática no Rio Grande do Sul inspira Martin Grossmann a analisar o papel iminente da arte em filmes como “O Dia Depois de Amanhã” ou “Ensaio sobre a Cegueira”

 14/05/2024 - Publicado há 1 mês

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Na esteira da tragédia climática que afeta o Rio Grande do Sul, Martin Grossmann foca esta edição de sua coluna, a exemplo do que vem fazendo em seus últimos comentários, no tema das cidades, sempre tendo em conta que, no caso do Brasil, estas abrigam 61% da população. “Essas tragédias vêm sendo antecipadas, previstas não só pelos cientistas, técnicos e especialistas em campos do conhecimento distintos, como também pela produção em arte e cultura, com destaque aos alertas emitidos pelos povos originários.” Ele menciona um artigo inserido na última revista da Fapesp, o qual trata de mudanças climáticas e que remete, em sua introdução, ao filme hollywoodiano O Dia Depois de Amanhã, que retrata os efeitos climáticos catastróficos causados, em grande parte, pela interrupção da circulação de correntezas do Oceano Atlântico Norte, o que acaba levando o planeta a enfrentar uma nova era glacial. “Além do livro em que se baseia o enredo, há significativa produção científica a esse respeito, como resume e problematiza o mencionado artigo. Se, por um lado, o texto nos conforta um pouco ao afirmar que o filme investe em uma projeção exagerada, por outro, expõe, com evidências, que as implicações do fenômeno poderão ser significativas”, diz ele.

Nessa mesma toada, o colunista cita outro filme, também baseado em um livro, que antecipa a pandemia da covid que assolou o planeta. Trata-se de Ensaio sobre a Cegueira, do cineasta brasileiro Fernando Meirelles, lançado em 2008, o qual, por sua vez, baseia-se no livro homônimo do escritor português José Saramago, publicado em 1995. A cidade de São Paulo serve como um dos cenários do filme, cuja trama trata de uma epidemia de cegueira branca que bloqueou o visão de toda a população, transformando o mundo num lugar tomado pelo caos, um mundo, portanto, distópico. A respeito, aliás, dessas previsões provenientes do campo das artes, Grossmann menciona o livro A Sociedade sem Relato (2012), publicado pela Edusp e de autoria do antropólogo e filósofo Nestor Garcia Canclini. Este propõe que a arte seja o lugar da iminência. “Para melhor entender esse papel da arte como o lugar da iminência, recomendo aos ouvintes da Rádio USP que vejam ou revejam o filme de Wim Wenders, Asas do Desejo, de 1987, lançado, portanto, dois anos antes da queda do muro de Berlim. Não comento para não dar spoiler.” 


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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