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Mesmo num período marcado pela predominância do samba fluminense, naquela primeira metade do século 20 aconteceu uma transformação da percepção sonora dos paulistanos associada à consolidação do samba na paisagem sonora da cidade. Foi essa mudança que o pesquisador André Augusto de Oliveira Santos buscou compreender em seu estudo de doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. “Mesmo naquele período, o samba de Adoniran Barbosa alcançou êxito nacional e o legado deixado por ele permanece vivo até hoje”, disse André Augusto na entrevista desta quinta-feira (24), no podcast Os Novos Cientistas.
Como destacou o pesquisador, depois de quase 113 anos do seu nascimento, o compositor e cantor paulista e sua obra continuam sendo objeto de estudo por múltiplos estudiosos. Para André Augusto, o samba paulista se formou a partir da influência de sonoridades diversas, com a contribuição de compositores como o Giuseppe Verdi, operista italiano do século 19, e o carioca Noel Rosa. Em relação ao Rio de Janeiro, referência no samba na época e ainda hoje, São Paulo se destacou ainda pelos sons da cidade, com seus trabalhadores informais e seus pregões únicos, que transparecem na música e a tornam identitária e singular. Outra característica do samba paulista é a batida do bumbo, que marca o tempo de condução rítmica.
Além do ritmo, o sotaque do interior de São Paulo e a temática abordada também diferenciam o samba paulista do fluminense. “O samba fluminense exalta a figura do morro, do malandro, em oposição à figura do trabalhador, que aparece muitas vezes como otário”, explicou André. “Já em São Paulo, há outras temáticas, como os excluídos marginalizados, que moram nos cortiços ou subúrbios”.
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