![Momento Sociedade - USP Momento Sociedade - USP](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2019/05/podcast_momento_sociedade-150x150.jpg)
Eleito em julho, o novo presidente do Peru, Pedro Castillo, deve romper com uma tradição neoliberal na política do país andino. Professor e ruralista, o novo presidente é reconhecido por uma plataforma populista de esquerda na economia. A diferença para Keiko Fujimori, candidata conservadora que ficou em segundo lugar na corrida, esteve em cerca de 0,25%.
Entre especialistas, é consenso que o Peru tornou-se uma das principais referências sul-americanas no que se refere à macroeconomia liberal. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país peruano se destaca principalmente no que se refere ao baixo nível de desemprego, redução da desigualdade, baixa dívida pública em relação ao PIB e ao aumento da renda per capita.
Se por um lado o Peru atingiu esse patamar com uma agenda liberal, do outro, o mesmo Peru elege um presidente assumidamente marxista. Em seu programa de governo, Castillo já indicou defender um Estado interventor planificador e inovador na economia. “Tudo que um neoliberal tem pavor”, analisa o professor José Luiz Portella, no podcast Sociedade em Foco. Em sua participação, o professor Portella também refletiu sobre o sucesso eleitoral de Castillo com uma plataforma de ruptura. O programa do novo presidente acrescenta um ingrediente praticamente decisivo, que foi o de combate à corrupção.
Cenário semelhante foi encontrado no Brasil em 2018, mas com um governo que se dizia liberal. “Ele não cumpriu uma agenda liberal. O Paulo Guedes saiu criticando os últimos 30 anos do Brasil, onde houve uma grande melhoria das condições de vida. Além disso, o governo também entra no campo onde estão levantando casos de corrupção”, afirma o professor Portella, lembrando de escândalos que envolvem os filhos do presidente e a compra de vacinas contra a covid-19.