Sociedade em Foco #201: Cidade em 15 minutos, um projeto para encurtar distâncias e gerar renda

O conceito “cidade em 15 minutos” foi concebido por Carlos Moreno, professor da Faculdade de Administração da Sorbonne. Inspirado na ideia de “crono-urbanismo”, ou seja, projetar as cidades em termos de tempo, proximidade e ritmos diários e sazonais o projeto visa a aproximar serviços de cidadãos e instigar o desenvolvimento econômico em regiões periféricas do meio urbano.

José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da Universidade de São Paulo, explica a medida. “É a ideia de você ganhar sua vida perto do lugar onde você mora. Ter acesso a estudo, saúde, trabalho e serviços essenciais a 15 minutos da sua casa por modais como caminhada, bicicleta e transporte público.”

Para melhor qualidade de vida, diminuição do trânsito e geração de renda qualificada é necessário o investimento na periferia. “Vamos ao exemplo: A zona leste de São Paulo tem cerca de 33% dos habitantes da cidade e apenas 13% dos empregos. Se tirarmos a Subprefeitura da Mooca, que é bem próxima do centro, o resto da zona leste inteira tem 6% dos empregos da cidade. Esse é um grande desajuste. Você tem cerca de 30% da população da cidade com 6% do emprego e a maioria desses empregos são de baixa qualificação, o que não gera renda local de qualidade”, elucida.

“Então, em primeiro lugar, é necessário gerar essa renda e permitir que as pessoas não tenham que fazer deslocamentos longos. Fazer investimentos em transporte de menor monta, mas com resultados mais eficazes. Quando se faz investimentos no centro, o primeiro momento é bom. Porém, não demora muito para começar a gerar gentrificação e especulação imobiliária. Vem uma população com mais dinheiro e toma o lugar de quem foi para lá ou gera investimento e as pessoas começam a comprar imóveis, porque ele vai aumentar de preço. O que nós precisamos é ter distribuída pela cidade uma boa proporção de empregos na periferia”, complementa.

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