Sociedade em Foco #108: Aumento da inflação sem formas de conter impactos na população mais pobre evidencia a necessidade de políticas públicas no Brasil

Para o professor José Luiz Portella, a omissão da sociedade brasileira e a falta de iniciativa do Estado contribuem para a manutenção da desigualdade no País

 12/04/2022 - Publicado há 2 anos
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #108: Aumento da inflação sem formas de conter impactos na população mais pobre evidencia a necessidade de políticas públicas no Brasil
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Neste episódio do Sociedade em Foco, o professor José Luiz Portella comenta o aumento da inflação e a falta de políticas públicas para assegurar a população de baixa renda. “O que a gente observa, a inflação é mais uma questão, é que há uma insensibilidade da sociedade brasileira com a questão da desigualdade. O processo inflacionário acaba sendo mais um que penaliza aquelas pessoas mais pobres e as pessoas ficam olhando isso sem tomar providência, digamos, de praxe tradicional, que é aumentar os juros.”

Para o professor, é necessário que haja um processo de compensação nas políticas públicas, “porque quando há uma mudança da taxa Selic, no caso aumentar para segurar a inflação, isso demora um período de cerca de seis meses para fazer efeito. Durante esse período, as pessoas olham para os mais pobres com indiferença, ‘tem que aceitar, porque se nós temos inflação, inflação é ruim para a pobreza, a gente não tem remédio melhor do que subir o juros’. Então é uma forma econômica de olhar a sociedade e não é assim que funciona. A política está acima da economia, a economia faz parte da política, porque a política é a maneira como as pessoas procuram sobreviver e procuram realizar as suas vidas”.

A omissão da sociedade brasileira é um problema. “Você repara que a questão da desigualdade do Brasil não é só o quadro que a gente apresenta, que é um quadro vergonhoso, vexaminoso e tal. É que mesmo as pessoas que reconhecem essa desigualdade, mesmo as pessoas que repudiam essa desigualdade, acabam no dia a dia aceitando-a, não criando políticas públicas ou ações da sociedade para mitigar o problema na população mais sofrida”, comenta Portella.

De acordo com o professor, o Brasil possui condições para erradicar a extrema pobreza, mas a defesa de interesses privados impede que isso aconteça.  Além disso, a falta de cooperação entre a União, Estados e municípios atrapalha: “As Prefeituras agem de um jeito, o governo estadual age de outro, o governo federal age de outro e é isso. Nós precisamos acabar e terminar com esse processo de fragmentação, que é muito estimulado pela maneira como o Centrão domina o orçamento do Brasil”. 


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