O podcast Saúde Sem Complicações desta semana recebe Maria Célia Cervi, professora do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, para falar sobre o impetigo. Na entrevista, a professora explica o que é essa infecção, suas causas e tratamento.
O que é o impetigo, suas causas e transmissão
Trata-se de uma infecção bacteriana transmissível causadora de lesões na pele. Acomete principalmente as crianças entre dois e três anos de idade, especialmente quando expostas a ambientes com aglomeração de pessoas, como as creches e famílias numerosas. O impetigo aparece normalmente próximo do nariz e da boca e em áreas de dobras, como as virilhas e as axilas. Quando próximos de crianças com impetigo, adultos também podem ser contaminados.
Quem tem pele seca ou com lesões, portadores de diabetes mellitus ou imunocomprometidos estão mais predispostos à doença, alerta a professora.
São duas as classificações para a infecção: o impetigo vesicular, causado pela bactéria Streptococcus pyogenes, e o impetigo bolhoso, causado pela bactéria Staphylococcus aureus. Lesões na pele, como picadas de inseto, são portas de entrada para essas bactérias, que “já moram na nossa pele normalmente” e assim, ao entrar por ela, causam a inflamação. Segundo a professora, a infecção ocorre principalmente no verão.
É na fase de bolhas do impetigo que ocorre o contágio da doença. No caso do “impetigo mais bolhoso”, o banho é o momento de “erradicar a bactéria”, conta Maria Célia. Para remoção da bolha, é necessário água e sabão e um pano bem macio. Em lesão maior, é preciso “fazer um curativo oclusivo com uma gaze” para evitar “inoculação, contaminação e até transmissão” da infecção, até que haja cicatrização da pele.
Tratamento para impetigo
Em um primeiro caso da infecção, é feito apenas o tratamento tópico aliado aos cuidados de higiene que também são necessários à prevenção do impetigo, como é o caso de usar toalhas e buchas separadas dos demais familiares e sabonete líquido menos abrasivo.
Quando essas bactérias colonizam também o nariz, é utilizado o antibiótico em pomada no local e nas narinas, durante cinco a sete dias, “se tiver menos de cinco lesões”. Já no caso de múltiplas lesões, além do tratamento tópico, é preciso auxílio de antibiótico por via oral. Quando o impetigo é recorrente, é necessário investigar fatores que causam a volta da infecção. Assim, é feita a “descolonização” em toda a família, utilizando sabonete com formulação antimicrobiana para diminuir retorno do quadro, diz a professora. Se não tratado, o impetigo pode evoluir para outras doenças, como a celulite infecciosa, a nefrite, ou outras síndromes clínicas.
Prevenção do impetigo
Para prevenir o impetigo, a professora recomenda que, no verão, a preferência seja para roupas claras e de algodão, já que tecidos escuros “chamam mais os insetos” e causam maior sudorese, o que propicia a manutenção da colônia de bactérias. Além disso, é preciso ensinar hábitos de higiene às crianças, como a lavagem de mãos e rosto. Controlar doenças de base também é fundamental, informa a especialista.
Os ouvintes podem enviar sugestões de temas e comentários para o e-mail: ouvinte@usp.br.