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O podcast Saúde Sem Complicações desta semana recebe a professora e médica psiquiatra Cristiane Von Werne Baes, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Cristiane, que também coordena o Ambulatório de Transtornos de Humor e de Personalidade do Hospital das Clínicas da FMRP, fala sobre o transtorno de personalidade borderline.
Segundo a especialista, a palavra borderline vem do inglês e pode ser traduzida para o português como limítrofe, pois esse tipo de transtorno é caracterizado por oscilações na personalidade, que variam entre a neurose e a psicose. Os pacientes que sofrem de borderline também apresentam forte instabilidade no humor, comportamento, autoimagem e funcionamento. Além disso, a professora afirma que são indivíduos bastante sensíveis, que expressam grande dificuldade para lidar com o estresse e os problemas cotidianos.
Cristiane conta que o transtorno de personalidade ocorre com muito mais frequência em mulheres, devido a fatores multicausais, que podem estar relacionados a aspectos genéticos e, principalmente, ambientais como abusos sexuais ou verbais sofridos, traumas e negligência de cuidados na infância.
É uma pessoa, explica a médica, que tende a apresentar dificuldades nos relacionamentos interpessoais, os quais tendem a ser muito instáveis e intensos. “São pessoas que oscilam muito entre idealização e desvalorização. Ou o sujeito que elas se relacionam é a melhor pessoa do mundo ou a pior do mundo.” Também manifestam sintomas como o sentimento de vazio interior, medo de serem abandonadas pelos entes queridos, raiva intensa, impulsividade, comportamentos suicidas e automutilantes.
Apesar dos diversos sintomas comuns aos pacientes que têm o transtorno, a professora conta que o diagnóstico é bastante difícil de ser feito e requer muita cautela. Geralmente, é necessária mais de uma consulta para realizar o diagnóstico, sendo extremamente importante realizar uma avaliação do histórico do indivíduo, da evolução dos sintomas e, muitas vezes, também é necessário ouvir os relatos dos familiares.
Cristiane conta que o diagnóstico também é dificultado pelo fato de as pessoas com borderline tenderem a buscar atendimento somente em momentos de crise que, geralmente, estão relacionados a episódios de depressão, ansiedade, abuso de álcool e drogas ou tentativa de suicídio. Além disso, segundo a professora, os pacientes apresentam bastante dificuldade de entender que se trata de uma doença e diferenciar o borderline de um “jeito de ser”. A professora também explica que o diagnóstico deve ser feito após os 18 anos de idade, quando a personalidade está completamente formada.
Segundo Cristiane, o transtorno é crônico, porém, existem tratamentos que controlam os sintomas e melhoram a qualidade de vida. Os tratamentos envolvem principalmente a realização de psicoterapia e medicamentos antipsicóticos e antidepressivos.
Para saber mais, ouça o podcast na íntegra no player acima.