Na entrevista desta quinta-feira (4), no podcast Os Novos Cientistas, a engenheira civil Fernanda Santana Carvalho falou sobre seu estudo apresentado na Escola Politécnica da USP. O trabalho avaliou a incorporação de um revestimento asfáltico com granulometria descontínua do tipo gap-graded na redução de acidentes em pista molhada. Os testes foram realizados em dois trechos da rodovia Régis Bittencourt (BR 116), que liga São Paulo a Curitiba, no Paraná. Os resultados do estudo mostram que, após a intervenção o número de acidentes em dias chuvosos nos dois trechos caiu significativamente.
“Minha pesquisa faz parte de um projeto maior da Poli que começou em 2015, numa parceria entre o laboratório de tecnologia de pavimentação da escola e a concessionária que administra a rodovia”, contou a engenheira. “Com base em estatísticas de acidentes da rodovia determinamos os trechos mais perigosos, e também a relação com a chuva, pois a rodovia é em serra”, descreveu Fernanda. A partir dessas informações, ela analisou o desempenho do revestimento asfáltico, na condição de pista molhada, em um trecho de serra no sentido Norte da BR 116.
O revestimento asfáltico, que é a camada mais externa, é composto de agregados minerais (rochas) e ligante asfáltico. “Podemos ter diversos tamanhos de rochas, mas há uma escala para essas dimensões”, descreveu. No revestimento do tipo gap graded as dimensões de agregados são maiores e sem os tamanhos intermediários. “Não tendo o tamanho intermediário temos a superfície do pavimento mais rugosa, fazendo com que a água escorra mais rápido possibilitando que o pneu do veículo tenha maior aderência à pista”, concluiu Fernanda. Na pesquisa Análise da textura superficial de pavimentos asfálticos e sua influência na ocorrência de acidentes de tráfego rodoviário em condição de pista molhada, Fernanda teve a orientação da professora Cláudia Aparecida Soares Machado, da Escola Politécnica.