Momento Odontologia #133: Tratamento de fissura labiopalatina envolve equipe multidisciplinar e acolhimento integral do paciente

Para o ortodontista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o Centrinho da USP em Bauru, Tiago Turri de Castro Ribeiro, não adianta o profissional ter um grande conhecimento técnico-científico, se não atuar no seu dia a dia com respeito ao paciente

 07/11/2022 - Publicado há 2 anos
Momento Odontologia - USP
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Momento Odontologia #133: Tratamento de fissura labiopalatina envolve equipe multidisciplinar e acolhimento integral do paciente
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O assunto de hoje no Momento Odontologia é a relação entre a ortodontia e a fissura labiopalatina, má formação congênita, ou seja, que ocorre durante a gravidez, nos três primeiros meses de gestação e afeta a face, mais especificamente uma fenda no lábio superior que pode se prolongar até o nariz e o palato, segundo especialistas. As causas são multifatoriais, quer dizer, uma associação de fatores ambientais no início da gestação, como álcool, cigarro e alguns medicamentos e uma predisposição genética do embrião. O cirurgião-dentista Tiago Turri de Castro Ribeiro, ortodontista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o Centrinho da USP em Bauru, fala sobre os tratamentos para a fissura labiopalatina e o papel da ortodontia na recuperação desses pacientes.

Na prática, diz Turri, o tratamento para esses pacientes começa com equipe de pediatria, enfermagem, nutrição que avalia a saúde inicial do bebê e que ensina os pais a alimentá-lo corretamente, para que ele ganhe peso e saúde para poder fazer a cirurgias plásticas primárias. A partir da cirurgia o paciente começa a ser acompanhado pela equipe de fonoaudiologia, para que a sua fala seja desenvolvida corretamente e conforme o paciente vai crescendo vai sendo acompanhado por outras áreas complementares, como a genética e a fisiologia, por exemplo. “Entre essas equipes estão os ortodontistas, para a correção dos dentes e do enxerto ósseo alveolar e, em alguns casos, de cirurgia ortognática também. Esses pacientes que são submetidos a cirurgia ortognática ao final do processo também podem ser submetidos a cirurgias reparativas de lábio e nariz.

Para Turri, a ortodontia tem um papel importantíssimo no processo reabilitador, já que as principais questões relacionadas à fissura labiolatina dizem respeito à posição dos dentes na arcada dentária e ao crescimento craniofacial desses pacientes.  O ortodontista, segundo o especialista, também verifica como está o crescimento craniofacial dos pacientes nessa fase para informar aos cirurgiões plásticos para que os protocolos das técnicas e do tempo da realização das cirurgias plásticas primárias sejam validados ou revistos. “Como o ortodontista acompanha o paciente por muito tempo, também pode encaminha-l0 para outras áreas como a fonoaudiologia, por exemplo.”

O especialista diz que no Centrinho da USP em Bauru é adotado o protocolo de iniciar o tratamento ortodôntico na dentição mista, depois da troca dos dentes anteriores, entre 8 e 9 anos de idade. “Nessa fase nós normalmente melhoramos o formato da arcada dentária superior através de aparelhos expansores, isso não só permite a melhora da função da oclusão como melhora o prognóstico para a cirurgia de enxerto ósseo alveolar. O ortodontista é quem prepara esses pacientes para essa cirurgia e também cuida deles depois da cirurgia.”

O resultado esperado, diz Turri, é muito próximo ao resultado alcançado de um tratamento ortodôntico de um paciente sem fissura. “É um tratamento mais longo, com mais particularidades, que às vezes precisa de uma complementação com próteses dentárias ou implantes, mas perfeitamente possível de ficar muito bom estética e funcionalmente falando.”

O especialista enfatiza a importância do acolhimento desses pacientes no processo de reabilitação, que começa muito cedo e se estende, muitas vezes, até a idade adulta. “Além da importância da integração entre as diferentes equipes altamente especializadas é importante a atitude de profundo respeito para com o paciente e seus pais. Não adianta ter um grande conhecimento técnico-científico, se não atuar no seu dia a dia com essa atitude”, finaliza.

Produção e Apresentação Rosemeire Talamone
CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)
Edição: Rádio USP Ribeirão
E-mail: ouvinte@usp.br
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 107,9; ou Ribeirão Preto FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS  
 
 

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