Formada oficialmente por oito distritos, a região do Centro de São Paulo agrupa uma população de mais de 400 mil habitantes que lidam diariamente com uma série de vantagens e de problemas urbanos. Mas são as vantagens, como acesso fácil ao transporte público, proximidade de postos de trabalho e de várias atrações culturais que, de tempos em tempos, despertam o interesse de novos moradores, atraídos para bairros específicos.
É nos chamados “bairros da moda” que nascem dinâmicas econômicas capazes de transformar a região, tanto para seus novos ocupantes quanto para os que já residem no local e podem acabar exilados num processo conhecido como gentrificação.
Para discutir o fenômeno, o Momento Cidade entrevistou o pesquisador Maurício Alcântara, autor da dissertação de mestrado “Hipsterização” no centro de São Paulo: consumo, trabalho e produção da cidade, orientada pelo professor Heitor Frúgoli Junior e defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. O objeto do trabalho de Alcântara foi o bairro da Vila Buarque, na região central de São Paulo.
O especialista conta que a Vila Buarque chamou sua atenção por ser “um bairro que surgiu na virada do século 19 para o século 20, como uma extensão de Higienópolis, um dos primeiros grandes bairros de elite de São Paulo, exclusivamente residencial”. Para garantir que o bairro continuasse residencial, foram criadas regiões satélite que abrigariam comércio e serviços, como a Santa Cecília e a própria Vila Buarque.
Durante a dissertação, Alcântara conversou com proprietários e frequentadores do bairro, além de acompanhar notícias para tentar entender como toda a região central tem passado por muitas transformações desde o final dos anos 1990, quando um público, formado por jovens afluentes, também conhecidos como hipsters, passou a adotar o bairro como nova morada. A mudança de público é um dos causadores da gentrificação local.
Entretanto, para o pesquisador, é justamente esse público que demonstra interesse em combater o fenômeno. De acordo com ele, cobrar melhores políticas públicas do Estado para, por exemplo, conter a especulação imobiliária e prestar atenção nessas novas dinâmicas pode ajudar a enriquecer nossos bairros, sem prejudicar quem já vive neles.
A dissertação completa pode ser acessada neste link.
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Ficha técnica
Produção e reportagem: Denis Pacheco, com colaboração de Giovanna Stael
Edição: Beatriz Juska e Guilherme Fiorentini
Momento Cidade
O Momento Cidade vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, sextas-feiras, às 8h05 na Rádio USP – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast
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