Há muitas maneiras de se percorrer uma cidade. Os trajetos podem ser feitos no aperto abafado de um trem, ouvindo a trilha sonora que anuncia a próxima estação do metrô, no ar condicionado dos nossos carros ou cortando o vento, se equilibrando em cima de uma bicicleta, um veículo ágil, não poluente e que nos mantém ativos. Não por acaso, será que a boa e velha bicicleta pode ser a chave para melhorarmos a forma como nos transportamos nas cidades?
Durante o período de isolamento, o Momento Cidade fará uma série de episódios diferentes. Nas próximas edições, conversamos com pesquisadores que estudaram temas específicos sobre São Paulo e, de vez em quando, vamos além da capital paulista para entender em detalhes o passado, os problemas e os avanços dessa região.
Nesta semana, entrevistamos a pesquisadora Renata Rabello, autora da dissertação Sistema público de bicicletas compartilhadas: a disputa do espaço urbano, defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Renata estudou a relação entre o compartilhamento de bicicletas com o debate que discute o uso dos espaços nas cidades.
Para a arquiteta, a mobilidade é um dos grandes desafios das cidades, principalmente das metrópoles brasileiras, com grande parte da população vivendo em áreas periféricas. De acordo com Renata, “a mobilidade é o que dá o acesso à cidade, onde o cidadão tem oportunidade de emprego, oportunidade de educação e saúde”. A especialista acredita que a questão dos transportes seja o maior desafio urbano, já que nossa capacidade de deslocamento é essencial para que possamos, de fato, ter direito à cidade e a tudo o que ela oferece.
Na opinião da pesquisadora, se bem integrados aos outros meios de transporte como metrô e ônibus, os sistemas de compartilhamento de bicicletas são capazes de melhorar a integração modal do espaço urbano. Atualmente, uma das grandes dificuldades para se incentivar o uso de bicicletas é conseguir espaço para as estações de compartilhamento. “É muito difícil ganhar essa disputa do automóvel, as pessoas estão muito acostumadas a ver aquele espaço como um espaço seu, do estacionamento do seu carro”, pontua.
Uma das conclusões do estudo apontou a importância da experimentação quando o assunto é introduzir novas políticas urbanas. De acordo com ela, é comum que haja rejeição a qualquer grande mudança no contexto das cidades: “Um exemplo é a questão do projeto das ruas abertas. No começo, teve muita rejeição e hoje em dia a gente não consegue imaginar a cidade sem a Paulista aberta no domingo”.
A dissertação completa pode ser acessada neste link.
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Ficha técnica
Reportagem: Giovanna Stael
Produção: Denis Pacheco
Edição: Guilherme Fiorentini