Minuto Saúde Mental #71: Refeições em família podem fortalecer saúde mental

Jovens com menor frequência de refeições familiares estão mais propensos a pior saúde mental e maiores chances de comportamentos de risco

 11/05/2023 - Publicado há 1 ano
Minuto Saúde Mental - USP
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Minuto Saúde Mental #71: Refeições em família podem fortalecer saúde mental
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No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa fala sobre o papel das refeições em família no fortalecimento da saúde mental. Sousa cita um estudo publicado em abril deste ano com cerca de 160 mil jovens do Estado da Califórnia (EUA), mostrando que menos da metade deles faziam cinco ou mais refeições em família por semana. Os resultados da pesquisa, adianta o professor, relacionam a menor frequência de refeições em família com pior saúde mental e maior risco de uso de substâncias.

Como em todas as áreas da saúde, os tratamentos em saúde mental vêm melhorando com o passar dos anos, oferecendo medicações mais eficazes, com menos efeitos colaterais, novas modalidades de tratamentos psicológicos e melhores intervenções psicossociais, como aquelas realizadas em escolas e outros contextos para melhorar as interações humanas e a qualidade de vida.

Porém, diz Sousa, “infelizmente, os profissionais de saúde ainda concordam que não há cura para os transtornos mentais. Ao invés disso, eles preferem usar o termo ‘remissão’, que significa que os sintomas de um determinado transtorno não são mais fortes o suficiente para perturbar gravemente o funcionamento da pessoa no dia a dia”.

Dessa forma, pesquisadores estão se atentando mais a estratégias de prevenção em saúde mental, ou seja, medidas que possam impedir ou retardar o aparecimento daqueles transtornos. “Nessa linha de pensamento, um dado interessante que pouca gente, inclusive profissionais, parece conhecer é o papel das refeições em família no fortalecimento da saúde mental. Esse não é um assunto exatamente novo, mas cada vez mais estudos mostram uma associação entre a frequência de refeições em família e melhores níveis de saúde mental”, aponta o professor.

Sobre os últimos resultados das pesquisas, informa o professor Sousa, menos da metade dos participantes estavam na faixa de frequência mais alta de refeições em família, que era de cinco ou mais vezes por semana. Além disso, os autores observaram diferenças entre os sexos na frequência de refeições familiares, com os meninos relatando a maior frequência, seguidos das meninas e de participantes que preferiram não especificar o sexo.

“O dado mais importante do estudo, no entanto, era de que os adolescentes que tinham menos refeições em família tinham pior saúde mental e maior risco de uso de substâncias”, alerta o professor. Conforme uma revisão publicada em 2013, que examinou vários estudos, a maioria deles encontrou associações entre a frequência de refeições familiares e a frequência com que crianças e adolescentes se envolvem em comportamentos de risco, como o uso de álcool e outras drogas, e a ocorrência de comportamentos violentos, problemas de saúde mental e transtornos alimentares.

“Concluindo, existem dados suficientes para sustentar a importância das refeições em família para o controle de problemas de saúde mental em jovens e isso deve fazer parte das conversas de famílias, escolas e agentes públicos interessados em melhorar a saúde mental de forma geral”, pontua Sousa.


Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp

 

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