Minuto Saúde Mental #61: Sofrer de um transtorno mental e não receber um diagnóstico é realidade em vários locais do mundo

A falta de estrutura e informação nos sistemas de saúde são as principais razões para esse problema, aponta especialista

 15/09/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 01/02/2023 as 11:48
Minuto Saúde Mental - USP
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Minuto Saúde Mental #61: Sofrer de um transtorno mental e não receber um diagnóstico é realidade em vários locais do mundo
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No podcast Minuto Saúde Mental desta semana, o professor João Paulo Machado de Sousa comenta sobre indivíduos que sofrem de algum transtorno mental e não são diagnosticados. O professor conta que, ao olhar os dados disponíveis atualmente, esta é a realidade da maioria das pessoas que sofrem de algum transtorno mental em vários países pelo mundo.

Muitas dúvidas surgem sobre como é possível identificar esse problema se os casos não foram diagnosticados. Sousa esclarece que, ao fazer levantamentos sobre saúde mental em lugares como prisões e universidades, os resultados mostram que vários indivíduos apresentam sintomas em números e frequência suficientes para preencher um diagnóstico psiquiátrico, “mas simplesmente nunca receberam tratamento”.

Isto acontece por diversas razões, aponta o professor. A primeira explicação é que os sistemas de saúde, em muitos lugares do mundo, não têm a estrutura adequada para tratar pacientes com problemas de saúde mental, ou seja, “faltam serviços de saúde e profissionais para cuidar dessas pessoas”, diz Sousa. Outra razão é a falta de informação. Muitos pacientes apresentam sintomas que podem ser reconhecidos facilmente por um profissional da área, mas que são confundidos com traços da personalidade ou simplesmente ignorados, afirma o professor. 

Além disso, o olhar negativo sobre as dificuldades na saúde mental é uma grande barreira para que as pessoas procurem um tratamento. O estigma pode vir tanto da pessoa que está sofrendo como das pessoas com quem convive, e “isso faz com que muitas pessoas optem por manter suas dificuldades em segredo, ao invés de buscar ajuda”, conta o professor.

Encontrar caminhos para que esses casos sejam identificados é importante não apenas para o indivíduo, mas para toda a sociedade.  Fornecer informação de qualidade e reduzir os estigmas da sociedade, além de aumentar o acesso das pessoas a serviços de saúde mental, pode certamente “diminuir o impacto dos transtornos mentais na economia e na esfera individual e comunitária”, completa Sousa.


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