No podcast Minuto Saúde Mental, o professor João Paulo Machado de Sousa responde a um ouvinte que, aos 42 anos, reclama de estar sempre cansado e esquecendo muitas coisas e questiona se pode estar com Alzheimer. O professor inicia a resposta com um ditado de autoria desconhecida: quando ouvir o bater de cascos, pense primeiro em cavalos, e não zebras. “Traduzindo para o caso em questão, embora seja até possível que nosso ouvinte esteja com Alzheimer, a probabilidade é pequena e outras explicações devem ser consideradas antes desse diagnóstico.”
A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, que tem como sintoma mais característico a perda de memória recente. Ou seja, o paciente com Alzheimer começa a se esquecer de onde deixou as chaves do carro ou de diálogos acontecidos pouco antes, por exemplo. É uma doença que atinge principalmente pessoas acima dos 65 anos e que tende a se tornar mais frequente de acordo com o avanço da faixa etária. “Embora atinja sobretudo idosos, a doença de Alzheimer pode, sim, ocorrer em pessoas nas faixas dos 30 ou 40 anos, mas isso é bastante raro.”
Sobre a perda de memória descrita na pergunta, o professor diz esse sintoma faz parte dos processos cognitivos e uma série de transtornos diferentes podem afetar estes processos, que também incluem a atenção e a capacidade de interpretar emoções, por exemplo. “Especificamente, pessoas com transtornos de ansiedade, depressão e uso e abuso de substâncias como o álcool podem sofrer de problemas cognitivos. Além disso, o burnout também parece ter impactos importantes sobre a capacidade de raciocínio, a atenção e a memória.”
O Alzheimer é uma doença grave que acontece por causa do acúmulo de placas ou aglomerados de duas proteínas dentro das células cerebrais, ou neurônios. Esse processo patológico tem influências genéticas e ambientais que ainda não foram completamente esclarecidas pela ciência. Embora certas medidas como a convivência social, o hábito da leitura e dietas saudáveis como a mediterrânea possam ajudar na prevenção, o Alzheimer continua sendo uma doença progressiva e sem cura.
Sousa termina reforçando que, embora o número de queixas venha aumentando em populações mais jovens, o Alzheimer não é comum fora de populações idosas e que pessoas com menos de 60 anos que estejam com queixas de memória devem considerar outras explicações possíveis e, se o problema for grave, procurar ajuda qualificada para fazer uma avaliação abrangente de cada caso específico.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
.