O que se sabe de fato sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental é o tema do podcast Minuto Saúde Mental desta semana. Segundo o professor João Paulo Machado de Sousa, questões relacionadas ao impacto da transformação digital sobre a saúde mental, principalmente de crianças e adolescentes, vêm chamando cada vez mais a atenção de pais, professores, pesquisadores e outros profissionais, conforme nos damos conta do aumento gigantesco na frequência do uso de telas e do acesso à internet no dia a dia.
A primeira dimensão dessa preocupação diz respeito às mudanças nos hábitos de vida e organização da rotina. “O aumento do tempo que passamos diante das telas tem como reflexo óbvio a diminuição do tempo que investimos em interações sociais concretas e em atividades ao ar livre, por exemplo. Como resultado, muitas pessoas têm tido menor exposição à luz do sol e a outros estímulos do ambiente externo e interpessoal, além de mudanças nos hábitos alimentares e na rotina do sono.”
No entanto, além do tempo on-line e das mudanças de hábitos, a maior preocupação atual parece estar relacionada ao conteúdo consumido nas redes sociais e ao possível impacto deste conteúdo sobre a saúde mental. A preocupação que antes era direcionada à pornografia e à atuação de criminosos sexuais foi hoje estendida para temas como dietas extremas, preocupação patológica com a imagem, bullying e atitudes intolerantes e comportamentos de risco para a saúde e até a vida.
Um levantamento feito em 2017 pela Sociedade Real de Saúde Pública e o Movimento pela Saúde dos Jovens, ambos do Reino Unido, afirma que as taxas de ansiedade e depressão entre os jovens aumentaram 70% nos últimos 25 anos e verificou que quatro das cinco redes sociais mais utilizadas tinham efeitos negativos sobre a saúde mental dos jovens, e isso na própria avaliação deles. Neste levantamento, o Instagram foi apontado como a rede mais nociva, seguida por Snapchat, Facebook e Twitter. Por outro lado, o YouTube foi apontado como tendo um impacto positivo sobre a saúde e o bem-estar.
Como é sempre importante levar em consideração os diferentes lados de cada história, o relatório também aponta que os jovens parecem cientes do problema e que grande maioria apoia fortemente medidas para minimizar os possíveis riscos das redes, como a inclusão de informações sobre uso seguro no currículo escolar e a identificação de pessoas em possível risco pelos próprios provedores dos serviços.
Sem dúvida esse é um assunto muito amplo para ser coberto com a devida profundidade em um único episódio e estamos esperando mais questões dos ouvintes para abordarmos em programas futuros.
Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp
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