Minuto Saúde Mental #27: No mutismo seletivo a pessoa tende a permanecer calada diante outras fora de seu círculo social

Mutismo seletivo atinge principalmente as crianças e os adolescentes em idade escolar, que não têm qualquer controle sobre essa reação e não podem, de fato, escolher outra forma para interagir melhor com o mundo

 12/08/2021 - Publicado há 3 anos
Minuto Saúde Mental - USP
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Minuto Saúde Mental #27: No mutismo seletivo a pessoa tende a permanecer calada diante outras fora de seu círculo social
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Se você tem um filho que conversa normalmente em casa, mas, quando está com outras pessoas, ele fica completamente mudo, é possível que seu filho esteja sofrendo de um transtorno chamado mutismo seletivo. Neste podcast Minuto Saúde Mental, o professor João Paulo Machado de Sousa traz informações sobre o mutismo seletivo. 

“Hoje em dia, é comum dizermos que uma pessoa está sofrendo de ansiedade; no entanto, esta é uma afirmação vaga do ponto de vista dos profissionais de saúde mental, já que a ansiedade é um sentimento humano normal e o problema mesmo está nos transtornos de ansiedade; ou seja, aqueles casos em que a ansiedade ultrapassa níveis inofensivos e até benéficos e começa a prejudicar a saúde.”

Segundo Sousa, um dado curioso que vem dos estudos animais sobre ansiedade é que os comportamentos mais comuns diante de uma ameaça são de luta ou fuga, mas aqui há uma virada interessante: em certas condições (que têm a ver com a intensidade e a proximidade da ameaça), o indivíduo, seja ele um camundongo ou um ser humano, pode entrar em um estado de não reação, como se “travasse” diante do estímulo. “Esse estado é conhecido como freezing ou congelamento, na versão traduzida, e parece ser exatamente o que acontece no caso do mutismo seletivo.”

Pessoas com mutismo seletivo, que são principalmente as crianças e os adolescentes, tendem a permanecer completamente caladas diante de pessoas fora de seu círculo social mais próximo, gerando situações desagradáveis e até constrangedoras. É importante saber aqui – e este recado vai principalmente para profissionais que lidam cotidianamente com crianças e jovens em idade escolar – que a pessoa não tem qualquer controle sobre essa reação e não podem, de fato, escolher outra forma para interagir melhor com o mundo. Por causa disso, também, é comum que quem sofre de mutismo seletivo se mostre excessivamente apegado a uma determinada pessoa, que pareça irritável ou sem senso de humor e, por fim, que tenha mau desempenho escolar e social.

“Como alguns ouvintes atentos podem ter notado com base no que dissemos, alguns destes sintomas são vistos em transtornos do espectro autista, o que pode levar à confusão no diagnóstico.”

O professor orienta que, se seu filho ou outra criança ou adolescente que você conhece parece ficar anormalmente atordoado em situações nas quais precisa interagir com outras pessoas, busque ajuda de um psicólogo ou psiquiatra o quanto antes para tentar reduzir os sintomas e, talvez mais importante, o impacto que eles podem ter sobre o desenvolvimento do paciente jovem.


Minuto Saúde Mental
Apresentação: João Paulo Machado de Sousa
Produção: João Paulo Machado de Sousa e Jaime Hallak
Coprodução e edição: Rádio USP Ribeirão
Coordenação: Rosemeire Talamone
Apoio: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional, iniciativa CNPq e Fapesp

 

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